Caso as obras da usina nuclear de Angra 3 sejam abandonadas, o prejuízo imediato pode ser em torno de R$ 14 bilhões, informou o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) nesta terça-feira (18), segundo apuração da “CNN Brasil”.
A decisão sobre a retomada do empreendimento foi adiada. A discussão será retomada na próxima reunião do CNPE, que ainda não tem data.
“Registro que a não aprovação pelo CNPE resultará em aportes imediatos dos acionistas, incluindo a União, de até R$ 14 bilhões, onerando ainda mais a população brasileira, bem como acarretará a rescisão dos contratos com os fornecedores com todos os custos inerentes para a desmobilização”, diz o voto de Silveira obtido pelo veículo.
Angra 3 tem como acionistas a Eletrobras e a estatal ENBPar (Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional). O voto de Silveira durante a reunião orientou pela continuidade das obras.
Além disso, em seu voto, Silveira argumentou também que o adiamento da discussão pode levar à suspensão das operações das usinas de Angra 1 e 2. A razão disso seria a falta de capacidade financeira própria da ENBPar para apoiar a Eletronuclear, disse o ministro.
Nesse cenário, o chefe de Minas e Energia também informou ao conselho que a execução das ações necessárias pode ser comprometida pela insuficiência de recursos, podendo afetar o pagamento do combustível nuclear e, consequentemente, levar à suspensão das operações das usinas de Angra 1 e 2, segundo a “CNN”.
“Reforço que a ausência de decisão sobre a outorga e contrato de energia elétrica de Angra 3 pode trazer graves problemas para as empresas envolvidas e para a União, uma vez que diversas responsabilidades administrativas assumidas pelas empresas podem ser prejudicadas, bem como as suas capacidades operacionais”, afirmou o ministro em seu voto.
Silveira diz que Chambriard ‘sabe o que fazer com os combustíveis’
O tema do reajuste nos preços dos combustíveis tem tomado o mercado e as análises dos especialistas sobre a Petrobras (PETR4), mas não aparenta ser uma preocupação para o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira.
O preço do diesel praticado pela Petrobras está cerca de 20% abaixo do praticado no exterior, atualmente, enquanto a diferença da gasolina está próxima de 10%.
“A presidente Magda Chambriard vai saber o momento adequado de fazer as adequações, seja para cima ou para baixo. Eu espero que seja para baixo para que a gente possa criar um círculo virtuoso para a economia nacional”, disse Silveira em entrevista ao “CNN” durante o Fórum Econômico Mundial em Davos.
“Ela sabe o que precisa fazer”, resumiu o ministro, porém ele também ressaltou que a política de preços da empresa não é um tema que passa pelo governo federal.
“A questão de preço é decidida no seu board (diretoria), não passa pelo conselho. Com certeza absoluta, a nossa querida Magda (Chambriard) é extremamente responsável, sabe o que precisa fazer, sabe que a Petrobras precisa ser atrativa com os investidores”, disse Silveira.
O chefe de Minas e Energia lembrou que a Petrobras tem preocupação “não só com os investidores nacionais, com os investidores internacionais”.
“E tem feito isso depois que ela assumiu com muita maestria, servindo à companhia, servindo aos dividendos dos acionistas, mas servindo também ao interesse nacional”, disse.