O modelo mais clássico para uma empresa captar recursos é através de uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), listando suas ações na bolsa de valores. Mas em 2017 um modelo mais ágil e prático de captação de fundos ganhou fama: as ofertas iniciais de moedas (ICOs).
As ICOs surgiram entre 2011 e 2012, quando o mercado percebeu que poderia usar a tecnologia das criptos para levantar capital. O ‘boom’ veio em 2017, com a criação do ERC-20 – padrão de linguagem para tokens baseado em Ethereum.
O negócio começou a chamar a atenção dos investidores, que enxergaram nestes tokens possibilidades de ganhos massivos. Em quase dois anos, as ICOs movimentaram dezenas de bilhões de dólares e os preços de fato subiram às alturas. O problema foi o que aconteceu depois.
Esses tokens não tinham nenhuma transparência regulatória, não garantiam qualquer obrigatoriedade com quem os possuísse e cada mais eram lançados sem estar de fato atrelados a algum projeto. O cenário perfeito para fraudes.
Pessoas mal intencionadas lançavam os tokens que, na prática, não valiam nada, e depois sumiam com o dinheiro dos investidores. Os golpes ficaram tão frequentes que os governos e agências reguladoras mundiais precisaram intervir. Com o tempo, o mercado de ICOs ruiu e novos modelos surgiram.
Com o objetivo de garantir a segurança dos compradores, as exchanges lançaram as IEOs (Ofertas Iniciais em Exchanges), assegurando a legitimidade do projeto que busca captação e da equipe, que não iria fugir com o seu dinheiro. Mas o objetivo também não foi completamente concluído.
Por estar integrado a uma plataforma e possibilitar alta liquidez, os investidores se aproveitaram do caráter especulativo e passaram a tratar as IEOs como opções de trade a curto prazo, se desfazendo das suas posições no momento em que apresentaram bons rendimentos, antes que os projetos pudessem sequer deslanchar.
Foi então que criaram o security token offerings (STOs), ativos que representam um contrato de investimento regulamentado e registrado em uma blockchain. Os security tokens são imutáveis, estão apoiados por um ativo negociável como imóvel, ação ou título de dívida e estão atrelados às regulamentações do mercado financeiro.
Ao transformar esses ativos em tokens, fracionando-os, o portador consegue a segurança e liquidez oferecidas pela tecnologia blockchain. As plataformas precisam estar credenciadas, seguindo procedimentos de “Know Your Client” (Conheça seu cliente) e Anti-Money Laundering (antilavagem de dinheiro), prevenindo fraudes.
Os STOs são comercializados em ambientes descentralizados que utilizam contratos inteligentes (smart contracts) nas suas operações, eliminando burocracias, etapas e custos. Os tokens podem ser grandes facilitadores para o lançamento de startups, uma vez que oferecem valores mais acessíveis aos seus emissores.
A expectativa é de que o modelo continue a crescer. A busca por ativos alternativos continua em alta, fazendo com que os security tokens sejam boas opções para uma carteira diversificada, além da sua forte atratividade para empresas, já que permite transações e captações práticas e seguras. Poderemos presenciar novas grandes mudanças no mercado financeiro mundial.