A segunda edição do evento anual da Warren Investimentos reuniu, nesta segunda-feira (12), três dos principais gestores de fundos do Brasil: Luiz Parreiras, gestor da Estratégia Multimercado e Previdência da Verde Asset; Bruno Serra Fernandes, do Itaú | Janeiro; e André Raduan, da Genoa Capital.
Durante o painel “Cenário Macro: oportunidades e riscos”, André Raduan, da Genoa Capital, abriu a discussão. Logo em seguida, Luiz Parreiras, da Verde Asset, trouxe seus pontos.
Raduan abordou a dinâmica atual da economia brasileira. Ele destacou que a atividade econômica tem se mostrado extremamente forte, com um nível de desemprego muito baixo, o que tem pressionado a inflação de serviços.
Para Raduan, a elevação dos juros foi uma decisão correta, e ele acredita que essa ação pode até permitir cortes mais significativos na Selic no próximo ano. “O câmbio é uma variável importante, mas as outras dominam muito mais”, afirmou, ressaltando que a “arrumação da casa” foi fundamental para a estabilidade econômica.
O executivo da Verde Asset, Parreiras, concordou em partes, mas trouxe uma perspectiva mais cautelosa. Em sua percepção, a desvalorização do câmbio desestabilizou ainda mais um cenário já complexo, afetando as expectativas econômicas de forma significativa.
“Na minha visão, nos encaminhamos para uma alta suave de juros”, comentou, acrescentando que a valorização recente da bolsa deve-se, em grande parte, à queda dos juros de longo prazo.
Já Bruno Serra, do Itaú | Janeiro, complementou a discussão ao afirmar que o Brasil está crescendo acima do seu potencial histórico, o que, segundo ele, justifica o juro real elevado no país.
Serra destacou que o crescimento dos gastos públicos após a pandemia contribuiu para manter os juros em patamares altos, algo que não se via desde um breve período em 2015.
Gestor da Verde Asset apontou desafios para o crescimento econômico
O gestor Parreiras trouxe sua visão em relação ao futuro do crescimento econômico do Brasil. Ele mencionou que o ciclo de crédito brasileiro se tornou mais favorável.
Ele enxerga três forças principais impulsionando o crescimento: estrutural, fiscal e o ciclo de crédito. No entanto, expressou preocupação com o impacto de um ciclo de crédito forte, que pode exigir uma postura mais restritiva do Banco Central.
“Se o fiscal tiver um pouso suave, a economia pode desacelerar consideravelmente”, ponderou.
Olhares sobre a economia americana
No debate sobre a economia global, Bruno Serra se mostrou otimista em relação ao cenário americano, mas não vê um ciclo de cortes de juros rápido pelo Federal Reserve (Fed). Ele acredita que a economia dos EUA vai retomar o crescimento, mas que o Fed deixará o mercado precificar um ciclo de queda mais longo, o que traria um efeito mais benéfico para a economia.
André Raduan compartilhou essa visão otimista, afirmando que a Genoa Capital não trabalha com a possibilidade de uma recessão nos EUA no curto prazo. Em contraste, Stuhlberger alertou para a alta incerteza no mercado americano, destacando que o desemprego historicamente não sobe de forma linear, o que pode gerar volatilidade nos mercados.
O painel proporcionou uma visão abrangente dos desafios e oportunidades no cenário macroeconômico atual. Os gestores concordaram que o Banco Central enfrenta um cenário delicado, onde o equilíbrio entre o controle inflacionário e a manutenção do crescimento econômico será crucial.
As perspectivas para a economia global, especialmente dos Estados Unidos, também foram tema de debate, com diferentes opiniões sobre a velocidade e os impactos de possíveis movimentos do Fed. Com a Selic ainda em foco, o consenso é de que o caminho para a política monetária brasileira ainda reserva grandes desafios.