'Super Quarta': Fed e Copom divulgam decisões monetárias

Selic a 6,25% e começo do tapering são esperados

Em meio às turbulências causadas com o caso da chinesa Evergrande, os investidores rodam a chavinha e passam a focar na “Super Quarta”, marcada para hoje (22), em que os bancos centrais dos Estados Unidos e do Brasil divulgam suas decisões de política monetária, às 15h e 18h30, respectivamente. 

A grande expectativa para a Selic é que o Copom eleve o índice em 1 ponto percentual, passando de 5,25% para 6,25% ao ano, registrando a quinta elevação consecutiva. No entanto, uma minoria ainda prevê um aumento ainda mais significativo de 1,25 p.p ou 1,5 p.p. 

Recentemente, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou que irá elevar a Selic “aonde precisar” (veja aqui). Campos Neto falou ainda que a inflação brasileira, no curto prazo, está bem alta e com expectativas crescendo.

Para Pedro Queiroz, head de Renda Variável da BP Money, a elevação da Selic irá causar uma migração da renda variável para a renda fixa. 

“O aumento da Selic acaba influenciando na precificação dos ativos. A declaração do Campos Neto provocou, por consequência, um fechamento da curva, pois a mesma estava precificando um aumento maior, na ordem de 1,5 p.p. Com a Selic a 6,25%, os ativos ficam mais atrativos e os investidores acabam migrando da renda variável para a renda fixa, pois não há necessidade de correr risco, já que já recebe um retorno maior”, declarou Queiroz. 

Entretanto, Queiroz também pondera: “Atualmente, os ativos de renda variável já estão extremamente descontáveis, mas ainda tem o agravante que é o CDI”. 

Índice oficial de inflação no país, o IPCA surpreendeu as previsões do mercado e subiu mais que o esperado nos últimos dois meses, o que levou diversos bancos e casas de análises a revisarem suas projeções. 

EUA
Partindo para os Estados Unidos, a dúvida não fica por conta das taxas de juros, que devem ser mantidas próximas de zero, em um intervalo entre 0% e 0,25%, mas sim, se a autoridade monetária começará o processo conhecido como “tapering”, que é o de reduzir o volume de compra de ativos. Vale destacar que essa política é utilizada para estimular a economia americana. 

A grande questão é entender se a economia já superou a pandemia e está pronta para “caminhar com as próprias pernas”. Um dos principais dados utilizados pelo Fed para entender o nível de recuperação econômica é o relatório oficial de empregos não agrícolas (payroll), que é o dado mais importante do mercado de trabalho nos EUA. 

“Essa ideia do tapering é meio ‘louca’, pois se os EUA vão retirar os estímulos quer dizer que a economia melhorou, e o mercado deveria comemorar por isso. Mas não. Ele vai ter uma realização breve”, explicou Queiroz. 

Da última reunião até esta quarta, já foram divulgados dois payrolls e ambos mandaram sinais opostos ao mercado. No primeiro, a surpresa positiva na divulgação referente ao mês de julho: 1,053 milhão de postos de trabalho criados contra 870 mil esperados. Na sequência, frustração no payroll de agosto, com a criação de 235 mil postos contra expectativa de 735 mil. 

O head da BP Money ainda projeta o impacto para o Brasil após a decisão do banco central norte-americano: “Quando você tira esses estímulos, o mercado normalmente dá uma realização de curto prazo. Consequentemente, se o mercado lá fora está dando uma realização mais forte, o Brasil acaba realizando também”.

Com o resultado de agosto, a expectativa pelo tapering acabou sendo reduzida neste momento. 

“Acredito que esse tapering seja feito de forma gradual, assim como hoje já aconteça uma sinalização de quando começar, provavelmente em novembro”, concluiu Queiroz. 

Vale lembrar que, logo após a divulgação do relatório, o presidente do Fed, Jerome Powell, concede entrevista, e deve dar mais pistas sobre a direção da política monetária americana.