BELO HORIZONTE, MG (FOLHAPRESS) – A situação ambiental apresentada pelos cientistas do IPCC (sigla em inglês para Painel Intergovernamental de Mudança do Clima da ONU) mostra que empresas e países devem ser mais ambiciosos em relação a suas metas climáticas. É o que pensa Walter Schalka, presidente da fabricante de papel e celulose Suzano.
A declaração foi feita na manhã desta quinta-feira (12) durante a apresentação dos resultados trimestrais da companhia. Na ocasião, o executivo disse que a Suzano deve rever seus compromissos ambientais após os alertas do painel do clima.
O relatório do IPCC, divulgado na última segunda (9), mostrou que a atividade humana está alterando o clima da Terra de maneira sem precedentes, e que algumas mudanças são inevitáveis e irreversíveis.
“Não dá mais para as empresas ou países anunciarem metas muito longas de carbono zero, para 2040, 2050, 2060. Nós precisamos de uma redução imediata da emissão de carbono global”, afirmou Schalka.
O executivo sugere que as organizações coloquem objetivos intermediários de redução de carbono, para que haja um efeito imediato. “Nós não podemos esperar mais para fazer uma ação de reversão dessa situação. Podemos entrar num ponto de não-reversão, causando prejuízos tremendos no mundo”, disse. De acordo com Schalka, a Suzano está cogitando aumentar suas metas climáticas após os alertas do IPCC. Por ser de base florestal, a empresa retira mais gases de efeito estufa da atmosfera do que emite. “Nós já somos carbono negativo, mas vamos ter que ser ainda mais ambiciosos em relação à meta que foi colocada de [sequestrar] 40 milhões de toneladas de carbono [da atmosfera] até 2030. Nós, quase certamente, vamos colocar uma meta ainda mais ambiciosa em relação a isso”, disse.
A Suzano tem procurado marcar presença no mercado em relação a sua agenda ESG (sigla em inglês para boas práticas ambientais, sociais e de governança corporativa).
A companhia possui projetos ligados à preservação da biodiversidade e, em julho de 2021, lançou títulos de dívida se comprometendo a ter 30% de mulheres em cargos de liderança até 2025. A emissão dos títulos também está vinculada a metas de redução do uso de água na indústria e à emissão de gases.
“Continuaremos a promover esse tipo de trabalho para mitigar a situação que se apresentou com o IPCC nos últimos dias. Não podemos mais procrastinar essa decisão para o futuro. É nossa responsabilidade, como sociedade e como empresa, adotar políticas para mitigar o impacto dos gases de efeito estufa e combater as mudanças climáticas”, disse Schalka.
Em junho deste ano, o presidente da Suzano foi um dos mais de 160 empresários e intelectuais que enviaram uma carta ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), pedindo o veto a três projetos de lei da área ambiental.
Os autores se opõem a propostas legislativas relacionadas a mudanças na legislação ambiental, com impacto na demarcação de terras indígenas, na mineração nessas áreas e na grilagem de florestas.
RESULTADOS
A Suzano registrou lucro líquido de R$ 10 bilhões no segundo trimestre, revertendo um prejuízo de R$ 2,05 bilhões no período anterior. Esse foi o melhor resultado da história da companhia para um segundo trimestre.
O resultado foi impulsionado pelo forte volume de vendas de celulose e pela evolução de preço no período.
No segmento de papéis, o destaque foi para o bom desempenho comercial e operacional, com elevação de preços e volume nas vendas para o mercado doméstico.
As vendas de celulose totalizaram 2,5 milhões de toneladas e as vendas de papel atingiram 296 mil toneladas, contribuindo para a receita líquida de R$ 9,8 bilhões entre abril e junho.
A geração de caixa operacional foi de R$ 4,9 bilhões no segundo trimestre, e resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado atingiu R$ 5,9 bilhões.