Guerra comercial

Tarifa de 50% dos EUA ameaça café brasileiro

Associação alerta que produto está em desvantagem frente a concorrentes como México, cujas taxas vão de 0% a 27%

(Foto: 
Quang Nguyen Vinh/Pexels)
(Foto: Quang Nguyen Vinh/Pexels)

A tarifa de 50% imposta pelos EUA às exportações de café do Brasil coloca o produto em desvantagem competitiva frente aos principais concorrentes, alerta a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics).

O setor ficou de fora da lista de exceções tarifárias, que beneficiou áreas como aviação e suco de laranja.

Os EUA são o principal destino do café solúvel brasileiro: em 2024, importaram 780 mil sacas de 60 kg, cerca de 20% das exportações do segmento.

“A imposição dessa tarifa de 50% coloca o Brasil em uma flagrante desvantagem competitiva.

Enquanto o México, nosso principal concorrente, poderá comercializar sem tarifas, e outros fornecedores enfrentarão taxas de 10% a, no máximo, 27%, o café solúvel brasileiro será o mais penalizado”, afirmou Aguinaldo Lima, diretor-executivo da Abics.

Setor pressiona por negociação

Segundo Lima, a entidade mantém diálogo constante com clientes nos EUA e com autoridades brasileiras para tentar reverter a medida.

As conversas também envolvem o Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), a National Coffee Association (NCA), além de importadoras e redes de cafeterias americanas.

“Nosso objetivo é reverter essa medida ou, no mínimo, garantir isenção tarifária para todos os cafés do Brasil, in natura ou industrializados”, disse o executivo.

Ele ressalta que a decisão prejudica tanto a indústria brasileira quanto os consumidores americanos, que hoje se beneficiam da qualidade e do preço competitivo do café nacional.

Pacote de socorro e busca por alternativas

O governo federal prepara um pacote de apoio aos setores afetados, incluindo linhas de crédito e ampliação de compras públicas, segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Estados como São Paulo e Goiás também estudam medidas de financiamento próprias.

O Itamaraty e o MDIC tentam negociar cortes tarifários, com prioridade para café, cacau e carnes.

Até a semana passada, cogitava-se até um contato direto entre os presidentes Trump e Lula, mas a possibilidade arrefeceu após novos atritos diplomáticos, incluindo sanções contra o ministro Alexandre de Moraes e a prisão domiciliar de Jair Bolsonaro, vista como obstáculo ao diálogo.