
Aumento da diversificação de parceiros comerciais e exploração de novos mercados, crescimento do valor total exportado e elevação no fluxo de investimentos estrangeiros no Brasil.
Essas foram algumas das conclusões tiradas pela equipe econômica do governo federal ao analisar o impacto do tarifaço imposto pelos Estados Unidos a diversos produtos brasileiros.
A análise dos desdobramentos da aplicação das novas tarifas pelo governo Donald Trump está presente no Macro Monitor, publicação do Ministério da Fazenda divulgada nesta quinta-feira (13).
O documento mostra, por exemplo, que apesar de ter acontecido uma queda maior nas exportações brasileiras para os Estados Unidos desde o início da vigência do tarifaço, houve um redirecionamento das vendas externas dos nossos produtos para outros mercados.
Segundo o Ministério da Fazenda, houve aumento das exportações para países asiáticos, como China, Singapura e Índia, e para vizinhos e parceiros das Américas, incluindo Argentina, México, Canadá e Chile.
Essa mudança de fluxo com outros países nos últimos meses acabou ajudando os exportadores a compensar as perdas provocadas pelas tarifas norte-americanas.
O Macro Monitor mostra que as exportações brasileiras entre agosto e outubro de 2025 cresceram 6,4% em comparação com o mesmo período do ano anterior.
Tarifaço levou à queda de vendas aos EUA
Apesar da manutenção de China, União Europeia, Estados Unidos e Argentina como principais parceiros comerciais do Brasil, a participação das vendas para os EUA no total exportado pelo país caiu de 12% entre agosto e outubro de 2024 para 8% no mesmo período de 2025.
Enquanto houve queda para os Estados Unidos, a fatia das exportações para a China avançou de 25% para 29% do total.
Na relação entre Brasil e Estados Unidos, o déficit comercial também se ampliou desde o início do aumento das tarifas.
Entre agosto e outubro de 2025, o saldo negativo atingiu US$ 4,7 bilhões, valor 341% superior ao observado no mesmo intervalo de 2024, refletindo em parte o impacto das tarifas mais altas.
As importações cresceram 9,5%, impulsionadas pela demanda por bens industriais, enquanto as exportações recuaram 24,9% em razão da queda nas remessas de bens de capital.
Segundo o Ministério da Fazenda, o impacto das tarifas americanas entre agosto e outubro de 2025 foi heterogêneo para o Brasil.
Setores como açúcar, madeira,ferro-gusa, aço e cobre sofreram perdas significativas e não conseguiram compensar a retração das vendas aos EUA em outros mercados.
Em contrapartida, produtos como café, carne bovina, máquinas, minério de ferro, móveis e materiais de construção redirecionaram parte das exportações para destinos na Ásia e nas Américas, reduzindo o efeito do tarifaço.
Além disso, setores como o alumínio foram a exceção positiva, pois ampliou embarques para outros países e também para os EUA, ganhando espaço sobre concorrentes atingidos por tarifas ou sanções.
Bom resultado no fluxo de investimentos externos
O documento do Ministério da Fazenda mostrou ainda que as expectativas de entrada de Investimento Estrangeiro Direto (IED) no Brasil permaneceram estáveis para 2025 após o anúncio das tarifas globais dos EUA.
O IED efetivo em 2025 teria, inclusive, superado as expectativas.
De acordo com o Macro Monitor, o Brasil recebeu US$ 63,2 bilhões de investimento estrangeiro entre janeiro e setembro e US$ 75,8 bilhões em 12 meses até setembro, sugerindo que a projeção de mercado para o ano, de US$ 70 bilhões, está subestimada.
Houve também mudança relevante na origem dos investimentos. A participação dos EUA diminuiu ao longo de 2025, enquanto Europa (especialmente Holanda, Luxemburgo, França, Alemanha e Reino Unido) e China ampliaram sua presença.
“Portanto, houve aumento na diversificação das fontes de fluxos de IED no Brasil”, diz a Fazenda.