
A decisão anunciada nesta quinta-feira (20) pelo presidente dos EUA, Donald Trump, de retirar o tarifaço sobre mais de 200 produtos brasileiros, representou um avanço para o país, mas não trouxe alívio para exportadores catarinenses.
A afirmação foi feita pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), Gilberto Seleme.
A retirada das tarifas de 40% pelo governo norte-americano não contemplou produtos de madeira e móveis, que representam 37,3% das exportações catarinenses aos Estados Unidos.
“Vemos a medida com otimismo, pois sinaliza que os canais de negociação estão sendo efetivos, mas a lista é composta basicamente por itens primários, enquanto Santa Catarina exporta aos Estados Unidos predominantemente produtos industrializados”, disse o presidente da FIESC.
Tarifaço provocou queda nas vendas catarinenses
Segundo Gilberto Seleme, desde a implantação do tarifaço, no início de agosto, as vendas aos Estados Unidos, principal destino das exportações das empresas catarinenses, recuaram 9,3% neste ano.
“Não foram contemplados itens que fazem parte da chamada investigação 232, por meio da qual produtos brasileiros como madeira e móveis são sobretaxados”, disse Seleme.
“Por isso, seguimos atentos aos resultados deste processo e na expectativa de que as negociações entre os dois países possam avançar também nestas áreas”, completou o dirigente da FIESC.
Estudo da FIESC estima a perda de 19 mil empregos em um ano e de 45 mil vagas em até três anos no estado, caso as tarifas sejam mantidas. Os setores mais afetados são madeira, peças automotivas, equipamentos elétricos e móveis.
Após o início do tarifaço, foi registrado pela indústria catarinense, nos meses de agosto e setembro, o fechamento de 1,7 mil postos de trabalho no setor de madeira, 562 no de móveis, 446 em máquinas e equipamentos e 313 na indústria metalúrgica.
FIESC atua para reduzir danos do setor exportador
Desde o início da aplicação das tarifas pelos EUA, a FIESC está atuando, em articulação com a Confederação Nacional da Indústria (CNI), para reverter a situação e para apoiar as indústrias catarinenses.
Desde agosto a entidade mantém o programa desTarifaço, que oferece:
- apoio na obtenção de crédito e benefícios governamentais;
- consultoria para a abertura de novos mercados e para a adequação de produtos e linhas de produção;
- orientação jurídica sobre recursos trabalhistas e negociações sindicais;
- qualificação para funcionários inativos;
- acolhimento e requalificação para trabalhadores demitidos.
Segundo dados do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços), o estado de Santa Catarina encerrou o 1º semestre de 2025 como líder nacional nas exportações de madeira e móveis.
Entre janeiro e junho deste ano, o estado registrou alta de 6,6% no faturamento com exportações, totalizando mais de R$ 4 bilhões de receita.