![Foto: CanvaPro Foto: CanvaPro](https://uploads.bpmoney.com.br/2025/02/4FbIfWmP-NOTAS-29-1320x743.webp)
O começo de fevereiro para o mercado financeiro está sendo movimentado com apreensão, ao passo que o presidente dos EUA, Donald Trump, vai seguindo com suas políticas protecionistas, em um movimento tarifário que pode favorecer alguns poucos mercados e penalizar muitos deles, observou um dos analistas consultados pelo BPMoney.
No domingo (9), o republicado comentou que anunciaria na segunda-feira (10) novas tarifas de 25% sobre todas as importações de alumínio e aço aos EUA, porém, essa medida ainda não se concretizou.
Na visão do especialista em comércio exterior, Jackson Campos, as siderúrgicas norte-americanas serão os “grandes vencedores” desse tarifaço, pois terão menos concorrência e mais margem para elevar os preços.
“Trump acena para sua base industrial, garantindo empregos e impulsionando a produção interna. Mas a conta chega pesada para setores que dependem do aço e alumínio importados, como a construção civil e a indústria automotiva, que verão custos explodirem”, disse.
Para ele, o Brasil, o México e o Canadá perderão mercado, visto que são grandes exportadores dos materiais possivelmente taxados. “A Europa ameaça retaliação, acirrando tensões comerciais. A política protecionista favorece poucos e penaliza muitos, elevando preços e criando incerteza global já que o jogo de Trump tem riscos altos”, prosseguiu o especialista.
No entanto, essa análise não é compartilhada por todos os analistas. Bruno Corano, economista da Corano Capital, pregou cautela ao afirmar ser preciso esperar para ver em quais termos essa taxação dos EUA será publicada, ou se isso, de fato, ocorrerá.
“Se ela [a tarifa de 25%] acontecer exatamente como foi divulgada para absolutamente todo o mundo, eu diria que isso não tem um grande impacto para o Brasil”, afirmou.
EUA não tem capacidade produtiva para cobrir aço importado
O Canadá é, atualmente, o maior exportador de aço e alumínio para os EUA, que enviou ao país vizinho cerca de 6,57 milhões de toneladas líquidas do material no ano passado, seguido do Brasil que exportou 4,49 milhões de toneladas líquidas. O México vem logo depois, com 3,51 milhões de toneladas líquidas vendidas aos EUA, o que representou uma queda de 15,9% na comparação anual.
Corano avaliou que o país de Donald Trump não consegue produzir “nem de perto” a quantidade necessária de aço para cobrir a demanda do consumo interno.
“O Brasil não tem uma dependência única e exclusiva dos EUA para a venda de aço, pois vende para vários outros mercados. Então é muito mais sensível à concorrência com outros produtores de aço, especialmente a China, do que ao fato de os EUA taxarem o aço”, completou.
Na mesma linha, Alvaro Bandeira, coordenador de Comissão de Economia da APIMEC Brasil, pontuou que, comparada ao Brasil e à China, a indústria de aço dos EUA é ineficiente, pois trabalha com capacidade ocupada de apenas 73%, ao passo que os outros países têm cargas superiores até mesmo aos 90%.
“Também sabemos que existem empresas brasileiras com produção de aço nos EUA que não devem ser atingidas pela medida, caso seja implantada de forma abrangente”, continuou.
O analista mencionou ainda o fato de que o governo brasileiro adotou, até então, uma postura calma e negociadora quanto à taxação dos EUA. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), afirmou que aguarda orientações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tomar uma posição definitiva quanto à resposta à tarifa de 25%.
O posicionamento indicado até o momento é que o governo brasileiro deve tentar negociar com Trump antes de impor tarifas de retaliação no segmento de tecnologia.
“Concluindo, ainda é cedo para termos uma visão mais clara dos efeitos sobre nossas exportações, já que somos o segundo maior exportador para lá, mas certamente essa guerra comercial que se avizinha não é boa para o Brasil e para o mundo”, finalizou Bandeira.
Ele alertou também que o mercado financeiro ainda deve estar atento a como o Japão e a União Europeia devem se posicionar.