A taxa de desemprego no Brasil fechou o trimestre móvel até abril em 6,6%, de acordo com a Pnad Contínua divulgada nesta quinta-feira (29) pelo IBGE.
O resultado surpreendeu positivamente o mercado, ficando abaixo do limite inferior das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, que variavam entre 6,7% e 7,1%, com mediana de 6,9%.
Na comparação anual, houve queda expressiva de 0,9 ponto percentual: no mesmo período de 2024, o desemprego estava em 7,5%.
Já em relação ao trimestre imediatamente anterior (fechado em março), que registrava taxa de 7,0%, observa-se uma queda de 0,4 p.p.
O índice também mostra estabilidade em relação ao período de novembro de 2024 a janeiro de 2025, quando a taxa foi de 6,5%.
Recorde na formalização e alta na renda real
O número de trabalhadores com carteira assinada no setor privado alcançou um recorde histórico, chegando a 39,6 milhões de pessoas.
Esse contingente representa uma alta de 0,8% frente ao trimestre anterior e um avanço de 3,8% em relação ao mesmo período de 2024.
Além do aumento na formalização, a renda média real do trabalhador também avançou. No trimestre encerrado em abril, o rendimento ficou em R$ 3.246, valor que corresponde a uma elevação de 3,20% em comparação ao mesmo intervalo do ano anterior.
Mercado de trabalho segue aquecido, mas massa salarial mostra sinal de cautela
A taxa de desemprego no Brasil foi favorável, mas análises mais detalhadas sugerem um cenário ainda mais positivo.
De acordo com o economista Maykon Douglas, considerando o ajuste sazonal, a taxa de desocupação teria recuado de 6,5% para 6,3%, o que, segundo ele, “renova o mínimo da série histórica”.
Para o especialista, os dados reforçam a leitura já sinalizada pelos números do Caged divulgados ontem, que mostraram um desempenho acima do esperado na geração líquida de empregos formais. “Este é mais um resultado positivo para o mercado de trabalho”, pontua.
A população ocupada avançou 0,4% na margem com ajuste sazonal, com destaque para o crescimento no emprego informal (0,5%), enquanto o formal teve desempenho mais modesto. Apesar disso, o quadro geral continua favorável, com um mercado de trabalho ainda aquecido.
Por outro lado, a massa salarial efetiva real recuou 0,16% no período, quando descontados os efeitos sazonais. Para Maykon, esse dado deve ser interpretado com cautela.
Ele lembra que esse tipo de oscilação já ocorreu antes, sem implicar reversões relevantes na tendência de recuperação da renda: “Já houve esses ‘engasgos’ nas séries de rendimento… e isso não resultou em uma reversão”.
Ainda que os efeitos da política monetária mais restritiva possam atingir o emprego nos próximos meses, o economista acredita que o mercado de trabalho segue apertado e sustentando a atividade econômica. Na sua visão, esse dinamismo continua sendo um dos principais motores do crescimento no curto prazo.