O Tesouro Nacional captou nesta quinta-feira (20) US$ 2 bilhões com a emissão de títulos de dívida sustentáveis, também conhecidos como “verdes”, no exterior. A demanda pelos papéis somou US$ 3,8 bilhões. A taxa de juros ficou em 6,375%. Os papéis têm prazo de sete anos.
As informações foram obtidas pelo “Valor” através de fontes que acompanham a oferta do Tesouro.
A emissão é a segunda desse tipo realizada pelo Tesouro. A primeira foi em novembro de 2023 e movimentou cerca de US$ 2 bilhões. A taxa foi de 6,5%.
Conforme dados do Ministério da Fazenda, a operação desta quinta-feira tem o objetivo de reafirmar o compromisso do Brasil com políticas sustentáveis, o que vai ao encontro do forte interesse de investidores estrangeiros e da expansão do mercado de títulos temáticos.
“O Tesouro Nacional dá continuidade à sua estratégia de emissão de títulos soberanos sustentáveis e se compromete a alocar o montante equivalente aos recursos líquidos captados na operação em ações que impulsionem a sustentabilidade e contribuam para a mitigação de mudanças climáticas”, destacou o comunicado.
Secretário do Tesouro nega desancoragem de expectativas fiscais
Na semana em que o dólar alcançou valores elevados, impulsionado por incertezas em torno da política fiscal, Rogério Ceron, secretário do Tesouro Nacional, declarou que as expectativas em relação aos indicadores fiscais permanecem ancoradas.
A autoridade apontou que há uma “desancoragem marginal” da inflação, mas que essa situação está dissociada do contexto fiscal. A fala foi dada em entrevista ao Valor Econômico.
“Não há uma desancoragem fiscal. Isso é falacioso”, disse. “Quem falar que há uma desencoragem nas expectativas fiscais não está dizendo a verdade com base nos números.”
Ceron reconheceu, entretanto, que a incerteza fiscal aumentou devido a “diversos fatores” e expressou compreensão sobre as “sensibilidades de diferentes naturezas.”
Para ilustrar seu ponto, o secretário mencionou os resultados da pesquisa Focus, conduzida semanalmente pelo Banco Central com mais de cem instituições financeiras. Ele destacou que, ao contrário da instabilidade nos mercados, as projeções do mercado para o resultado das contas públicas e para a dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) não mostraram deterioração.