RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A ilha de Paquetá, no Rio de Janeiro, tem uma população estimada em 3.612 habitantes, com maior presença de mulheres, e renda média de R$ 3.613,47 entre os chefes de família.
É o que indicam informações preliminares, de caráter experimental, do primeiro teste para o Censo Demográfico de 2022. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), responsável pelo levantamento, divulgou os dados neste sábado (16).
O retrato da ilha carioca, localizada na baía de Guanabara, é considerado o pontapé inicial para o Censo, que sofreu dois adiamentos seguidos, em 2020 e 2021.
Segundo o IBGE, a escolha por Paquetá ocorreu porque mais de 85% da população local já havia recebido as duas doses da vacina contra o coronavírus até o início de setembro.
O teste ocorreu entre os dias 6 e 24 do mês passado e envolveu uma equipe de 16 servidores do instituto.
“Paquetá marca a volta do IBGE ao trabalho de pesquisa presencial”, relata Cimar Azeredo, diretor de pesquisas do instituto, ao lembrar que a pandemia inviabilizou uma série de coletas nas ruas a partir de 2020.
Para realizar o teste, o IBGE visitou 2.774 endereços na ilha de Paquetá, entre domicílios e estabelecimentos –a segunda categoria pode incluir locais como lojas, escolas e igrejas.
Conforme os dados apurados, a população local (3.612 pessoas) é composta por 1.935 mulheres (53,6%) e 1.677 homens (46,4%).
O instituto também destaca dados por faixa etária. Crianças e jovens com até 14 anos de idade são 12,8% (463) dos moradores, enquanto os idosos com 60 anos ou mais respondem por uma parcela maior, de 31,6% (1.140).
A fatia de potenciais eleitores na ilha chega a 85,4% (3.085). Trata-se do grupo com 16 anos ou mais.
Há, ainda, dados sobre renda. O rendimento médio dos responsáveis pelos domicílios em Paquetá, estimado em R$ 3.613,47, envolve tanto recursos obtidos com o trabalho quanto o dinheiro de outras fontes, como transferências de programas sociais, por exemplo.
A metade dos chefes de família, porém, têm ganho mensal de até R$ 2.300. Esse é o indicador de rendimento mediano.
Outro recorte do teste apresenta dados do entorno das moradias. Segundo o IBGE, 93,5% dos domicílios da ilha têm acesso à rede geral de distribuição de água, e 70,8% estão em ruas com bueiros para drenagem pluvial.
Já a fatia de 89,2% encontra-se em vias com calçadas. O percentual de domicílios em ruas arborizadas é de 72,8%.
“Paquetá está em uma situação superior a outros locais do Rio e do Brasil quando falamos de indicadores de qualidade de vida, como acesso à água e a esgoto”, analisa Azeredo.
O IBGE planeja realizar, entre novembro e dezembro, uma nova rodada de testes para o Censo de 2022. Estão previstas pesquisas em 27 localidades das 27 unidades da federação.
A exemplo do que ocorreu na ilha de Paquetá, a ideia é verificar questionários e equipamentos. No estado de São Paulo, o teste deve ser realizado no bairro Prosperidade, em São Caetano do Sul, no ABC Paulista.
Após esses preparativos, o IBGE planeja iniciar o trabalho de campo do Censo em junho do próximo ano. A intenção é liberar os resultados a partir de outubro, diz Azeredo.
Para isso, serão necessárias 180 mil pessoas atuando como recenseadoras nas ruas, e outras 40 mil no processo de gerenciamento, conforme o diretor.
A equipe fixa do instituto é formada por cerca de 10 mil profissionais. Com a operação do Censo, o total vai a aproximadamente 230 mil, afirma Azeredo.
“O Censo não é do IBGE. O Censo é do Brasil. Ele é fundamental para que as pessoas conheçam o país. Políticos, assessorias econômicas, todos precisam desses dados”, argumenta.
O levantamento, realizado de 10 em 10 anos, é considerado o trabalho mais detalhado sobre as características demográficas e socioeconômicas dos brasileiros.
A nova edição estava prevista para 2020, mas foi adiada para 2021 em razão da pandemia. Neste ano, o que acabou inviabilizando o estudo foi o corte de recursos destinados à pesquisa.
Em maio, coube ao STF (Supremo Tribunal Federal) decidir pela realização do Censo em 2022. A decisão, contudo, não foi suficiente para encerrar todo o impasse relacionado à verba para o trabalho.
Segundo cálculos do IBGE, a produção do levantamento exige a quantia de R$ 2,29 bilhões. O governo federal, por sua vez, passou a prever em agosto uma verba menor, de R$ 2 bilhões.
No início deste mês, o instituto reafirmou ao STF a necessidade de reforço no repasse. O governo, então, voltou atrás em seu planejamento.
Na quinta-feira (14), a AGU (Advocacia-Geral da União) afirmou ao Supremo que o governo encaminhará ao Congresso uma proposta de emenda à Lei Orçamentária do próximo ano a fim de garantir o montante solicitado pelo IBGE.
Na prática, os dados apurados pelo instituto funcionam como base para políticas públicas e decisões de investimento de empresas.
As informações balizam, por exemplo, os repasses do FPM (Fundo de Participação dos Municípios), fonte de recursos para as prefeituras.