BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A queda de 0,1% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro no segundo trimestre frustrou as expectativas do Ministério da Economia, que esperava um avanço de 0,25%. Agora, a pasta sinaliza que o país pode encerrar o ano com um crescimento menor do que o previsto.
Nas projeções mais recentes da SPE (Secretaria de Política Econômica ), divulgadas em julho, o PIB brasileiro avançaria 5,3% em 2021. Agora, em nota informativa publicada nesta quarta-feira (1º), a pasta diz esperar “crescimento do PIB em 2021 superior a 5,0%”.
Técnicos da equipe econômica dizem que não há mudanças na projeção oficial para 2021 “por enquanto”, mas lembram que uma revisão dos números será feita ainda neste mês.
Em nota, a SPE afirma que a queda de 0,1% do PIB no trimestre foi influenciada principalmente pela queda na indústria e pela redução dos investimentos -indicadores afetados, entre outros fatores, pela escassez de matérias-primas.
A pasta também cita como fatores para a queda do PIB a estiagem no campo e o auge de mortes pela pandemia de Covid-19. “Além do efeito devastador nas famílias brasileiras, há impacto relevante nas decisões econômicas dos agentes”, afirma a SPE.
A secretaria afirma que a escassez de insumos afetou sobretudo o ramo automobilístico. De acordo com os técnicos, no entanto, indicadores mais recentes apontam melhora nas próximas divulgações enquanto os segmentos de indústria extrativa e construção civil mostram avanço.
“Observa-se que o elevado nível da confiança dos empresários e a contínua melhora da expectativa de demanda no setor indicam a retomada da produção industrial [no terceiro trimestre]”, afirma a secretaria.
A SPE destaca como positivo o avanço de 0,7% observado no setor de serviços. “A vacinação em massa tem possibilitado o fortalecimento dos serviços, destacando este setor como principal contribuidor para o PIB no primeiro semestre”, afirma a SPE.
Para o curto prazo, o Ministério da Economia afirma que são fatores de alerta para o PIB no ano “a deterioração do processo de consolidação fiscal, eventual aprofundamento da pandemia e o risco hídrico”.
Já entre os principais fatores positivos para a recuperação da atividade estão a aceleração do crescimento dos principais parceiros comerciais do Brasil (Estados Unidos e China) e a política monetária global acomodatícia e o aumento do preço das commodities.
Também deve contribuir o elevado carrego estatístico para 2021 (em 4,9%), a maior taxa de poupança para o segundo trimestre desde o início da série, o mercado de crédito e de capitais em expansão e a recuperação do emprego com a vacinação em massa.
De acordo com a secretaria, o Brasil tem posição melhor do que outros países se for analisada a fotografia do acumulado dos últimos quatro trimestres. Nesse caso, o Brasil avançaria 1,8% -atrás apenas de Chile e China na lista dos emergentes (no dado específico do segundo trimestre, no entanto, o Brasil fica bem atrás na comparação internacional).
Além disso, os técnicos lembram que os dados do mercado formal vêm apresentando melhora, com três milhões de postos com carteira assinada em 12 meses.
“Cabe ressaltar que, para reverter de forma sustentável o diagnóstico do baixo crescimento da economia brasileira, é necessário combater as causas da baixa produtividade e da má alocação de recursos”, afirma a SPE.
“Para isso, não há outro caminho que resulte em elevação do bem-estar dos brasileiros a não ser por medidas que busquem a correção da má alocação de recursos e incentivem a expansão do setor privado, por meio das reformas pró-mercado e da consolidação fiscal”, diz o texto.