Trigo: Brasil será autossuficiente na produção do grão em 5 anos

Segundo o presidente da Embrapa, depois que o Brasil adaptou a produção do trigo, começou a ser possível a autossuficiência. As informações são da Agência Brasil.

O Brasil vai ser tornar autossuficiente na produção de trigo em até 5 anos. Quem fez a afirmação foi o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Celso Luiz Moretti no programa Brasil em Pauta, da TV Brasil.

“Esse ano nós temos uma demanda estimada de 13 milhões de toneladas, mas o Brasil já vai produzir 9 milhões de toneladas. Ou seja, nós acreditamos que com essa velocidade, com esse crescimento que estamos vendo nos últimos anos é possível que em 5 anos o Brasil seja autossuficiente na produção de trigo”, afirmou Moretti.

De acordo com o presidente da Embrapa, depois que o Brasil adaptou a produção do trigo ao solo do Cerrado, o País passou a contar com a possibilidade da autossuficiência. Tradicionalmente, o trigo é produzido em regiões mais frias, como no sul do Brasil, na Argentina, Canadá, Estados Unidos, Rússia e Ucrânia. O grão é uma das poucas commodities que o Brasil ainda importa.

“Há mais de 40 anos nós começamos a trabalhar com o melhoramento genético do trigo para fazer adaptação. E a partir de 2010, quando começamos a trazer o trigo ao Cerrado, começamos a desenvolver variedades adaptáveis. E isso tem crescido de forma bastante interessante, e que até impressiona as pessoas no mundo, que conhecem o trigo produzido em regiões frias. E a Embrapa mostrou que é possível produzir e colher trigo nos trópicos”, explicou o presidente da empresa.

A produção mundial de trigo gira em aproximadamente 779 milhões de toneladas. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia — que respondem por 30% dessa produção — os preços elevaram, e com o aumento da produção interna, o Brasil pode ter capacidade melhorada de importação e consumo interno.

Pesquisadora da Embrapa entra em ranking mundial

A empresa foca em desenvolver tecnologias que aumentem a produtividade, melhorem a qualidade e garantam a sustentabilidade da agricultura e pecuária. Além disso, recentemente, a pesquisadora Soja Mariangela Hungria foi incluída no ranking dos 100 principais cientistas em fitotecnia e agronomia do mundo. Hungria é a única cientista da América do Sul na lista. O ranking foi publicado pelo research.com, site com contribuições mundiais da ciência.

Na entrevista ao programa da TV Brasil, o presidente da Embrapa lembrou que a pesquisa que levou Mariangela Hungria a fazer parte da lista, a fixação biológica de nitrogênio, foi desenvolvida pela empresa.

“Foi uma tecnologia que começamos a trabalhar na década de 1990. É uma bactéria que é colocada junto com as sementes no solo, e como a maior parte do ar que nos circunda é nitrogênio, a bactéria captura o nitrogênio e entrega para a planta da soja. E isso reduz a necessidade do uso de adubo químico. Além de o produtor brasileiro economizar recursos, nos contribuímos para a redução de gases do efeito estufa”, explicou Moretti.

De acordo com o presidente da empresa, o Brasil vem se preparando com a ajuda da Embrapa para produzir com mais sustentabilidade, para ter uma agricultura digital, a partir do uso de drones, sensores, internet das coisas, inteligência artificial, e, por fim, a chamada biorevolução, que avança no uso da edição genômica das plantas e animais para ter produção mais produtiva, resistente e adaptada às mudanças climáticas.

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