Com o reajuste mediano de 7,6% em julho, somado a uma inflação de 9,2%, o trabalhador brasileiro sentiu uma perda de 1,6% em seu salário. “É uma situação muito triste, mas era previsível”, disse, à Valor, Hélio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e coordenador do Projeto Salariômetro.
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) mede a inflação para famílias com renda entre cinco salários mínimos e por esse motivo é usado como indicador nas negociações salariais. O Índice sinalizou um aumento nas despesas domésticas como alimentação e energia.
O professor avalia que o crescimento econômico será fraco. “Essa mistura [redução do salário e o aumento da inflação] é o pior dos mundos para os trabalhadores. É uma situação muito ruim e a conta acaba no fim da fila”, declara.
Para ele, as empresas não podem repor a inflação nos salários pois teriam que repassar os custos ao consumidor. “Se o mercado de trabalho estivesse bombando, as empresas teriam que dar mais, senão o funcionário vai embora, mas o desemprego está alto. O que todos precisam se empenhar é para manter empregos”, afirma o professor.