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Trump: escalada protecionista pode isolar economia dos EUA, diz analista

Especialistas de mercado avaliam que esse protecionismo pode incentivar a formação de outros eixos comerciais

EUA/ Foto: Freepik
EUA/ Foto: Freepik

A onda de medidas protecionistas adotadas pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, pode fazer a economia do país se isolar, sem um bote salva-vidas por perto. Isso porque essas podem abrir espaço para que outros blocos, como União Europeia e China, expandam sua influência global. A avaliação é do analista da Hike Capital, Gianluca Di Mattina.

“Isso já foi observado durante o primeiro mandato de Trump, quando políticas como a guerra comercial contra a China e a imposição de tarifas sobre importações de aliados levaram outras nações a buscar alternativas para minimizar sua dependência dos EUA”, comentou o especialista.

A política tarifária que tem estressado os mercados não é uma novidade. Em seu primeiro mandato, em 2018, Trump impôs tarifas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas a medida não atingiu o México nem o Canadá. Além disso, houve negociações com alguns países, como o Brasil.

Especialistas de mercado avaliam que esse protecionismo pode incentivar a formação de outros eixos comerciais. No entanto, Trump já declarou que as barreiras tarifárias são apenas o começo de uma mudança mais ampla no comércio global.

‘Estilo Trump’ de negociar

Os especialistas ouvidos pelo BP Money reforçaram que essa abordagem faz parte da estratégia do ex-presidente.

“Ele ‘ancora’ a negociação em um nível muito alto para fechar o acordo abaixo e dar a impressão de que saiu barato para seu opositor”, explicou Felipe Sant’Anna, especialista em mercado da Star Desk.

Sant’Anna também destacou que, no curto prazo, os impactos podem ser grandes, pois as empresas precisam se adaptar rapidamente às tarifas para manter suas operações.

Medidas não representam mudanças estruturais nos EUA

Mesmo com a percepção de que as movimentações de Trump tornam o comércio global mais turbulento, não há sinais de mudanças estruturais na economia americana.

“Os EUA sempre gostaram de impor sua vontade sobre outros países, pressionando com dinheiro ou força militar. O que Trump está fazendo é apenas vocalizar mais essa postura histórica dos americanos no mundo”, pontuou Sant’Anna.

Ainda assim, essas ações tendem a elevar os custos de produtos essenciais, como medicamentos e alimentos, impactando consumidores e empresas nos EUA.

Como as medidas de Trump afetam o Brasil?

O Brasil é o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, com 48% de suas exportações destinadas ao país. Diante disso, o impacto das tarifas de 25% sobre aço e alumínio, anunciadas recentemente pelo governo Trump, pode ser significativo para o setor siderúrgico.

“Essa medida pode resultar em redução das exportações brasileiras, queda nos preços internos do aço e possíveis demissões no setor siderúrgico”, comentou Gianluca Di Mattina. Ele também destacou que a redução das exportações pode afetar negativamente a balança comercial brasileira.

No entanto, há divergências entre os analistas sobre esse impacto. Alguns acreditam que a balança comercial brasileira será afetada diretamente, enquanto outros avaliam que pode haver apenas uma troca de parceiros comerciais, com uma maior aproximação do Brasil com a China, considerando o alinhamento do governo brasileiro com os BRICS.

Até o momento, não houve nenhuma taxação específica para o Brasil.

“O agronegócio pode vir a estar na mira de Trump, mas de forma pontual e não generalizada. Na primeira gestão dele, produtos como açúcar foram impactados”, completou Bruno Corano, economista da Corano Capital.

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