Diz economista-chefe do Master

Trump foca na inflação dos EUA e adota cautela com a China 

Os primeiros passos do presidente dos EUA, Donald Trump, foram lidos como “sem surpresa” pelo Economista-Chefe do Banco Master, Paulo Gala

residente Donald Trump assina decreto retirando os EUA do Acordo de Paris e Anistiando os Presos Políticos (GPO/ Fotos Públicas)
residente Donald Trump assina decreto retirando os EUA do Acordo de Paris e Anistiando os Presos Políticos (GPO/ Fotos Públicas)

Os primeiros passos do presidente dos EUA, Donald Trump, foram lidos como “sem surpresa” pelo Economista-Chefe do Banco Master, Paulo Gala, com o foco na redução da inflação norte-americana, exceto pela postura mais cautelosa em relação à China. 

Gala aponta que, apesar de um início com menos agressividade, o cenário “ainda é de grande incerteza econômica”.

Para Xi Jinping, o cenário parecia indicar um início turbulento para a presidência de Donald Trump, após sua campanha, que incluía promessas de penalizar a China com tarifas. Contudo, o primeiro dia de Trump no cargo ofereceu à China uma surpresa positiva, proporcionando-lhe uma pausa inesperada.

Durante a campanha, Trump mencionou a possibilidade de tarifas de até 60% sobre produtos chineses e prometeu uma taxa de 10% devido à alegada falha de Pequim em conter o tráfico de drogas para os EUA. 

No entanto, em uma coletiva de imprensa improvisada no Salão Oval, em Washington, na segunda-feira (20), o presidente republicano evitou se comprometer com um plano específico para as tarifas chinesas, enquanto assinava uma série de ordens executivas diante das câmeras.

A escolha de Trump adia qualquer confronto direto com Pequim sobre seu superávit comercial global recorde e a dependência de exportações.

Paulo Gala observou que, ao contrário do que muitos esperavam, o governo Trump tem adotado uma postura mais gradual em relação às tarifas contra a China.

 “Não houve nenhum aumento significativo nas tarifas, o que demonstra uma estratégia mais cautelosa, possivelmente por causa da inflação nos EUA”, explicou Gala. 

O economista acredita que o impacto de tarifas contra a China poderia ser mais prejudicial para a economia norte-americana, o que levou Trump a evitar medidas mais drásticas nesse sentido.

O presidente dos EUA emitiu uma ordem determinando que sua administração tome medidas contra práticas comerciais desleais globalmente e conduza uma investigação sobre o cumprimento da China em relação a um acordo estabelecido durante seu primeiro mandato.

Tarifa sobre México e Canadá

Em relação aos outros países do continente americano, Trump anunciou tarifas contra o México e o Canadá, a serem aplicadas a partir de fevereiro. 

“Apesar de representarem um impacto menor na economia global, as tarifas contra esses países podem não ser tão severas quanto as que seriam impostas à China”, afirmou Gala. 

O economista observou que a desvalorização das moedas locais, como o peso mexicano e o dólar canadense, pode mitigar o efeito dessas tarifas, permitindo que os preços em dólares se mantenham competitivos.

Preocupação com a Inflação nos EUA

Segundo Gala, a inflação continua sendo uma preocupação central para o governo Trump. O economista destacou que o presidente dos EUA tem feito vários comentários em seu discurso sobre a necessidade de reduzir os índices inflacionários, o que reflete uma tentativa de corrigir um dos fatores que contribuiu para a derrota de Biden. 

“Trump está claramente focado em trazer a inflação para baixo, o que se reflete também na cautela com as tarifas”, afirmou.

Em termos de mercado financeiro, o Economista-Chefe indicou que o início do governo Trump trouxe um alívio nos índices globais. 

O índice DXY caiu para 108,5%, e a taxa dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos recuou para 4,5%. 

“Esse alívio no mercado financeiro é positivo para países emergentes, como o Brasil, que têm visto uma reação favorável em suas moedas”, concluiu o economista, destacando que, até o momento, o real se comporta de maneira relativamente estável.

Imigração e mercado de trabalho dos EUA

Paulo Gala também discutiu as novas medidas de Trump voltadas à imigração, que incluem um aumento nas deportações, especialmente de mexicanos.

 O economista destacou que os imigrantes ilegais, muitos deles de baixa qualificação, são essenciais para a economia americana, especialmente no setor de serviços. 

“Se Trump acelerar as deportações, isso pode resultar em escassez de mão de obra e aumento nos custos com salários”, afirmou. Esse cenário pode afetar diretamente o mercado de trabalho, já pressionado pela queda do desemprego.