Educação nos EUA

Trump condiciona verbas federais a 'acordo ideológico'

Memorando limita matrículas internacionais, congela mensalidades e restringe políticas de diversidade

Presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: reprodução/Casa Branca)
Presidente dos EUA, Donald Trump (Foto: reprodução/Casa Branca)

O governo do presidente Donald Trump pediu que universidades americanas assinem um acordo abrangente — que vai de restrições a matrículas de estudantes estrangeiros e congelamento de mensalidades até a definição de parâmetros ideológicos para alunos e funcionários — como condição para ter acesso preferencial a recursos federais.

O documento, um memorando de 10 pontos, foi encaminhado na quarta-feira (1) a diversas instituições.

O memorando, compartilhado com a Reuters por um funcionário da Casa Branca, determina que universidades:

  • Limitem as matrículas internacionais a 15%;
  • Proíbam o uso de critérios de raça ou sexo em admissões e contratações;
  • Congelem mensalidades por cinco anos;
  • Exijam exames padronizados como o SAT;
  • Acabem com a inflação de notas.

Trump já havia ameaçado cortar financiamento federal de universidades por questões como protestos pró-Palestina, políticas de diversidade, iniciativas climáticas e programas voltados a pessoas transgênero.

O presidente afirma que instituições de ensino abrigam valores “antiamericanos” e anticonservadores.

Defensores de direitos humanos alertaram para riscos à liberdade de expressão e à autonomia acadêmica, afirmando que as medidas buscam alinhar as universidades à agenda política da Casa Branca.

Detalhes do memorando

O texto recomenda “diversidade de pontos de vista” em corpo docente, funcionários e alunos, podendo levar à transformação ou até à extinção de departamentos considerados hostis a ideias conservadoras.

O documento também estabelece que estudantes estrangeiros devem apoiar “valores norte-americanos e ocidentais” e faculdades devem excluir alunos que demonstrem hostilidade aos EUA ou aliados.

Além disso, as universidades terão de fornecer informações sobre estudantes internacionais, incluindo registros disciplinares, se solicitadas pelo Departamento de Segurança Interna e pelo Departamento de Estado.

Outra regra prevê que não mais de 15% dos alunos de graduação participem do Programa de Intercâmbio de Visto Estudantil, com teto de 5% para estudantes de um único país. Instituições que ultrapassem esses limites deverão reduzir a proporção em novas turmas.

Segundo a Casa Branca, cartas foram enviadas a universidades como Vanderbilt, Dartmouth, Pensilvânia, Califórnia do Sul, MIT, Texas, Arizona, Brown e Virgínia. O documento promete “subsídios federais substanciais e significativos” às instituições que aceitarem o acordo, mas alerta que a violação das regras resultará na perda desses benefícios.