As recentes movimentações por parte de Donald Trump, presidente dos EUA, fizeram o comércio internacional estabelecer um “jogo de perde-perde”, com uma desaceleração econômica global que deve ser inevitável. A avaliação é de José Augusto de Castro, presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil).
No último sábado (1º), Trump anunciou medidas para taxar em 25% os produtos importados pelos EUA do México e do Canadá. Para a China, a tarifa anunciada foi de 10%.
No final da manhã desta segunda-feira (3), a presidente do México, Claudia Sheinbaum, anunciou que a medida contra o país ficará suspensa por um mês, após os dois países chegarem a alguns acordos na área de segurança.
“Canadá e México têm economias praticamente voltadas para abastecer os Estados Unidos. Nós estamos participando agora de um jogo de perde-perde. Todos vão perder. Isso levará a uma reformulação em contratos e operações. A repercussão será para todos, com possibilidade de aumento da inflação, redução do crescimento econômico e alta da taxa de câmbio”, disse Castro, de acordo com o Valor.
Segundo o especialista, as cotações de commodities também devem ser impactadas. Ele ressaltou que, para a China, o aumento de tarifas foi menor, mas a cobrança adicional recai sobre um país que já vinha sofrendo taxações severas no governo de Joe Biden. “É preciso ver quais medidas a China vai adotar, se vai reduzir preços e tratar o lucro como algo secundário.”
União Europeia se prepara para responder a tarifas de Trump
A UE (União Europeia) está se preparando para responder a possíveis tarifas dos EUA, afirmou a presidente de política externa do bloco, Kaja Kallas, em coletiva de imprensa nesta segunda-feira (3), antes de reunião informal e líderes europeus. As informações foram relatadas pelo “Valor”.
Neste domingo (2), o presidente do país norte-americano, Donald Trump, afirmou que “definitivamente” vai impor taxas à União Europeia.
“Estamos ouvindo atentamente essas declarações e, claro, também estamos nos preparando do nosso lado”, disse Kallas. Porém, ela afirmou que espera que a troca de sanções possa ser evitada, já que “não há vencedores em guerras comerciais”.
“Estamos profundamente interligados, precisamos dos EUA, e os EUA precisam de nós”, falou a presidente. “As tarifas aumentam os custos, não são boas para os empregos e tampouco para os consumidores”.