A disputa entre o republicano Donald Trump e a democrata Kamala Harris está acirrada para a presidência dos EUA. O mercado observa essas movimentações de perto, especialmente em relação às declarações que podem impactar a economia norte-americana.
Analistas acreditam que a vitória de Trump pode valorizar o dólar, considerando que deve haver fuga de capital do Brasil para ser investido no mercado imobiliário norte-americano. Isso impactaria positivamente o dólar.
Já na outra ponta, caso Kamala seja eleita, sua atenção deve ser concentrada em atividades mais focadas na população, gerando uma espécie de abertura de mercado. Assim, é possível haver uma melhora nos relacionamentos dos EUA com outros países em termos de negócios, além do viés político e ideológico.
As afirmativas feitas ao BP Money são do CEO da Swiss Capital, Alex Andrade. Segundo o especialista, há pontos positivos e negativos nos dois candidatos, mas também há muitos pontos de atenção que podem ter impacto direto no desempenho do dólar.
“Sempre que o Trump ganha [as eleições], ele gera oportunidades de investimentos nesse mercado imobiliário, que se destacou”, apontou Andrade.
Trump é ex-presidente do país norte-americano. Seu mandato foi entre 2017 e 2021.
Recentemente, como parte da campanha para a sua reeleição, o candidato participou de um comício e acabou sofrendo um atentado, sendo atingido de “raspão” por uma bala em sua orelha esquerda.
Após o ocorrido, o dólar, bem como as bolsas norte-americanas, dispararam sob uma possível certeza de que Trump certamente ganharia as eleições. Na ocasião, o candidato competia com o atual presidente Joe Biden, que desistiu de se reeleger, dando espaço para Kamala.
Mas como “nem tudo são flores”, o especialista também sinalizou que as relações com outros países podem ser abaladas, especialmente os governos que possuem maior afinidade com a “esquerda”. “Isso acaba afetando as relações comerciais”, disse Andrade.
Kamala supera Trump ou ‘fica para trás’?
Em relação à Kamala, analistas apontam que a política aplicada por Biden, atual presidente dos EUA, é muito “apreciada” pela candidata. Vale lembrar que Kamala é atual vice-presidente de Biden.
Mesmo com as boas perspectivas em relação a possíveis melhorias nas relações dos EUA com outros países, a política de Biden é vista como uma “política de gasto governamental”. A afirmativa é de Marcelo Godke, sócio do Godke Advogados, advogado internacionalista e especialista em Direito Empresarial.
Segundo ele, o governo do atual presidente adota “uma política de gasto governamental, enfraquecimento das empresas, aumento de carga tributária, aumento da regulação. Isso certamente enfraquece a economia”.
Para Godke, bem como para outros analistas ouvidos pelo BP Money, é possível que a vitória de Kamala preserve uma certa estabilidade na cotação do dólar. Por outro lado, também pode haver tendência à desvalorização nos primeiros momentos, considerando que o mercado tem uma certa expectativa quanto à eleição de Trump.
Por outro lado, o analista de ações internacionais da Empiricus Research, Enzo Pacheco, acredita que mesmo com o efeito positivo no começo, poderia haver um cenário de alta da inflação.
Como exemplo, Pacheco apontou que o corte de impostos defendido por Trump poderia elevar ainda mais o déficit fiscal norte-americano. Por consequência, isso faria investidores exigirem mais juros nos títulos dos EUA, como disse ele em entrevista ao “SeuDinheiro”.
Essas movimentações que abalam a confiança dos investidores afetam diretamente a cotação da divisa dos EUA.