Após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central de reduzir a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, em meio ponto percentual, o banco UBS BB divulgou um relatório projetando mais dois cortes da mesma magnitude antes de uma aceleração no ritmo. “Sem contradizer a orientação futura do Copom, nosso cenário base tem uma aceleração para 75 pb na reunião de junho”, destaca o banco.
O UBS BB sustenta sua visão com base em dois principais motivos: permanece 80 pontos base abaixo do consenso nas projeções de inflação para 2024, com a expectativa de que “parte significativa desta surpresa descendente da inflação aconteça no segundo trimestre”. Além disso, antecipa que o Federal Reserve (Fed) dos EUA iniciará o ciclo de cortes antes de junho, fatores que devem ser levados em consideração pelo Copom.
Portanto, o banco projeta dois cortes de 75 pontos-base em junho e julho, prevendo que a Selic atinja 8% até novembro. “Apesar da taxa nominal mais baixa, isso significa uma previsão de taxa real semelhante em comparação com o Boletim Focus, já que o consenso tem uma expectativa 1 p.p. maior para a taxa Selic terminal, mas tem expectativa de inflação 0,8 p.p. maior em relação ao nosso cenário (UBSe 3% para 2024)”, concluem os economistas Rodrigo Martins, Alexandre de Azara e Fabio Ramos.
“Previsível”: veja reações de analistas com novo corte na Selic
Como já era esperado, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) decidiu cortar a taxa de juros praticadas no Brasil em 0,5 pontos percentuais, levando a Selic a 11,25% ao ano.
O anúncio desta quarta-feira (31) veio em linha com o consenso do mercado, que já previa a redução. “O comunicado veio muito otimista por ser muito parecido com o comunicado anterior. Na minha visão, está muito em linha com o movimento de desinflação existente hoje. O destaque é que aumentou a expectativa dos preços administrados para o próximo ano. Acredito que o mercado pode reagir amanhã de forma otimista com a previsibilidade do que foi divulgado”, projetou o economista e sócio da Matriz Capital, Vinicius Moura.
O economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala, destacou um ponto importante no comunicado do BC. Para ele, os membros do Copom sinalizaram que já calculam o tamanho do atual ciclo de juros.
“Tem uma novidade ali de falar do tamanho do ciclo. Eles já devem estar começando a discutir a taxa terminal, que significa falar do tamanho do ciclo. Dizem que o ciclo vai depender obviamente das expectativas de longo prazo e da sensibilidade da inflação à taxa de juros que está sendo observada. Eles reforçam que os dados de atividade no Brasil mostram uma desaceleração que a gente já tinha visto no final do ano passado, e que obviamente esse nível Selic é contracionista, está desacelerando a atividade e tem contribuído para trazer a inflação para a meta”, avaliou Gala.
“Por outro lado, eles ressaltam que o Copom tem uma preocupação com a suavização do ciclo e do emprego, ou seja, não deixar a economia desacelerar demais. No geral, sem grandes novidades no comunicado. Vamos ver se na ata eles colocam mais alguma coisa”, acrescentou.