BUENOS AIRES, ARGENTINA (FOLHAPRESS) – O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, anunciou na noite de terça-feira (7) que o país realiza “avanços concretos” para um acordo de livre-comércio com a China.
Trata-se do primeiro anúncio de negociações fora do Mercosul desde que o Uruguai comunicou a seus parceiros do bloco que, ao não poder avançar com a proposta de flexibilização do grupo, apostaria em iniciar conversas unilaterais com outros países com o objetivo de obter mais acordos comerciais.
Lacalle Pou afirmou que conversou com o líder chinês, Xi Jinping, e que a previsão de ambos é que o documento esteja pronto em novembro.
Indagado em uma entrevista a jornalistas locais se isso causaria problemas com os demais membros do Mercosul, o uruguaio respondeu que acreditava que não.
Lacalle Pou disse ainda que os ministros das relações exteriores de Paraguai, Brasil e Argentina já estão a par dos avanços da negociação com a China.
O governo do Uruguai entende que não precisa do aval dos demais sócios do bloco para avançar com esse acordo, algo que vem sendo contestado pela Argentina, o membro mais protecionista do Mercosul.
Num encontro comemorativo dos 30 anos do Mercosul, em março, o presidente argentino, Alberto Fernández, afirmou que o país não queria ser “um peso para ninguém, se somos um peso, que tomem outro barco” em resposta a uma colocação de Lacalle Pou sobre a necessidade de flexibilizar o Mercosul.
Lacalle Pou e Fernández tiveram dois encontros depois dessa ocasião, um no Uruguai e outro em Buenos Aires. Segundo o uruguaio, o argentino, apesar de contrariado, havia aceito a posição do vizinho. Apesar disso, na quarta-feira (8), o governo argentino se disse “surpreendido” pelo avanço do Uruguai.
A China é o principal parceiro comercial do país –27% dos produtos uruguaios, principalmente do setor agropecuário, como lácteos, carne e soja, são exportados para o gigante asiático.
Enquanto isso, continua o impasse com relação à proposta de redução da Tarifa Externa Comum por parte do Brasil. A Argentina afirma ser contra uma redução radical, defendendo uma transição gradual. A gestão de Fernández afirma querer proteger alguns setores da indústria, como o automobilísitico, a metalurgia e a indústria têxtil.