RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) – A Vale anunciou nesta quinta-feira (16) que seu conselho de administração aprovou o pagamento de R$ 40,2 bilhões em dividendos aos seus acionistas, como antecipação pelo desempenho da empresa durante o ano de 2021.
No primeiro semestre, a companhia acumulou lucro de R$ 70,6 bilhões, beneficiada pela escalada que levou a cotação do minério a ultrapassar os US$ 200 (R$ 1.052, no câmbio atual) por barril no início do ano, em resposta à elevada demanda chinesa.
O valor anunciado pela Vale corresponde a R$ 8,11 por ação. É, de longe, o maior valor unitário pago pela companhia nos últimos anos –o segundo maior foram os R$ 3,42 por ação pagos em março, como parte da remuneração pelo resultado de 2020.
Quando anunciou o balanço do segundo trimestre, a Vale informou ao mercado que poderia distribuir até o fim do ano um mínimo de R$ 27 bilhões a seus acionistas, mas o valor da antecipação já é bem maior do que o previsto.
Em conferência com analistas após a divulgação do resultado, em julho, a direção da empresa abriu a possibilidade de acelerar a distribuição dos dividendos para atender a nova estratégia de endividamento e evitar possível bitributação de lucros após a reforma tributária em discussão no Congresso.
O diretor financeiro da Vale, Luciano Siani, disse na ocasião que a gestão já tinha a intenção de distribuir dividendos extraordinários para atender a um plano de aumentar a alavancagem, indicador que relaciona o tamanho da dívida à geração de caixa de uma empresa.
Assim, parte do caixa deveria ser destinado a melhorar o retorno aos acionistas pela distribuição extraordinária de dividendos e por novo programa de recompra de ações, que aumenta o valor dos papéis disponíveis no mercado.
Nos dois anos que se seguiram à tragédia de Brumadinho (MG), a Vale já anunciou R$ 34,2 bilhões em dividendos.
Os dividendos haviam sido suspensos logo após a tragédia, que deixou 272 mortos e um rastro de destruição em janeiro de 2019, mas foram retomados ainda em 2020, assim como pagamento de bônus a seus executivos.
Em agosto, a Vale e a BHP Biliton foram alvo de um pedido do Ministério Público de Minas Gerais para o bloqueio de R$ 50,7 bilhões, o equivalente aos créditos listados pela Samarco, controlada pelas duas empresas, em processo de recuperação judicial.
No pedido, que foi negado pela Justiça, a Promotoria acusava as empresas de “manobra fraudulenta” para se blindarem das responsabilidades de custear os danos provocados pela tragédia de Mariana (MG), que deixou 19 mortos em 2015.
O valor da dívida é alvo de disputa entre as mineradoras e outros credores da Samarco, que também acusam as controladoras de manobra que reduziria o valor recuperado por fundos de investimento detentores de títulos da empresa.