Com a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) em elevar a Taxa Selic para 9,25% ao ano, acréscimo de 1,5 ponto percentual, o cálculo dos rendimentos da poupança também mudaram, voltando à regra antiga. Agora, em vez de render 70% da taxa básica de juros, o retorno será de 0,5% ao mês, o que equivale a 6,17% ao ano.
Além da rentabilidade de 0,5%, será adicionada uma taxa referencial (TR), que até então estava zerada na caderneta, retornando ao mesmo rendimento da “poupança velha” que era paga até abril de 2012. Até então, com a Selic a 7,75%, o retorno vinha sendo de 0,44% ao mês e de 5,53% ao ano.
O retorno da regra antiga, na prática, piora a discrepância entre a poupança sobre outras aplicações em renda fixa, pois o investimento passa a não acompanhar mais o crescimento da Selic , tendo rentabilidade fixa em 6,17% ao ano. O Certificado de Depósito Bancário (CDB) da XP Investimentos, por exemplo, possui retornos de 14% ao ano.
A taxa de juros deve alcançar 11,25% no final de 2022, a fim de combater a inflação, de acordo com o último Boletim Focus enviado nesta segunda-feira (6). E, com a volta da “velha poupança”, os retornos da aplicação na caderneta não sofrerão alteração, mesmo com o avanço da Selic, pois estão fixos em 6,17%.
Entenda:
– Selic de até 8,5%: rendimento limitado a 70% da Selic + TR (que, desde 2017, está em zero) para novos depósitos e rendimento de 0,5% ao mês + TR (6,17% ao ano) para depósitos feitos até 2012;
– Selic maior que 8,5%: rendimento fixo de 0,5% ao mês + TR , ou 6,17% ao ano, para depósitos novos e antigos, independentemente da taxa de juros que estiver em vigor.
O que não muda na poupança?
Tanto a poupança quanto as Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) permaneceram isentas de pagamentos ao Imposto de Renda (IR). Outros investimentos de renda fixa como o CDB e o Tesouro Selic tiveram taxa fixada em 17,50%.
Agora vale a pena investir na poupança?
O investimento em poupança segue sendo uma modalidade extremamente questionável no mercado. O head de renda variável da BP Money, Pedro Queiroz, explica que, se comparado com outras aplicações em renda fixa, acaba se tornando um “péssimo produto” para o investidor. O retorno real da poupança de 2021 até outubro foi de -5,73%, ou seja, perdendo dinheiro para a inflação, de acordo com dados do Economática.
“ Eu gosto muito de comparar um tripé de risco, retorno e liquidez. Então o risco que você toma naquele investimento, o retorno que você vai ter com ele e a liquidez que você tem e em quanto tempo você consegue ter aquele ativo para o transforma de volta em dinheiro. Então, por exemplo, se eu faço uma comparação da poupança com alguns outros títulos de renda fixa, com o aumento da taxa Selic, esses títulos também passaram a rentabilizar mais. Então eu tenho alguns outros ativos que me dão o mesmo risco da poupança, liquidez muito parecida, só que rentabilidades maiores.”, explicou Queiroz.
“Ainda temos que levar outro fator em consideração, estamos vendo a poupança passando a render 0,5% ao mês, 6,17% ao ano, sendo que inflação avançou mais de 10% nos últimos 12 meses. Se o custo de consumo está subindo mais que a rentabilidade do seu dinheiro, você está perdendo dinheiro, mesmo que ele suba numericamente”.
O head citou exemplos das LCIs e LCAs, que são isentas de imposto cobertos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que possuem risco e liquidez parecidos com o da poupança sendo que acumulam uma rentabilidade superior.