Varíola dos macacos tem risco mínimo de se tornar uma nova pandemia, dizem especialistas

Depois dos impactos da covid-19, investidores olham com cautela para novo problema, que já registrou 90 novos casos em 12 países

Após a covid-19 transformar a sociedade e impactar de forma ajuda os mercados de todo o mundo, os agentes começam a se preocupar com uma nova doença que já ultrapassou fronteiras: a varíola dos macacos, que já teve 90 casos confirmados em 12 países. Especialistas, porém, reduzem a possibilidade de uma nova pandemia dado que a doença já é “conhecida” pelas autoridades de saúde mundial. 

A preocupação dos agentes do mercado é em torno da possibiliade de se tomar, novamente, fortes medidas restritivas e barreiras sanitárias para conter o vírus. A crise sanitária do covi-19 contribuiu para o cenário atual, de alta da inflação e consequente aumento de taxa de juros em diversos países, incluindo os EUA, e a desaceleração da economia da China, que ainda sofre com as infecções por coronavírus. Tudo para conter o número de casos e de mortes pela doença. 

Segundo especialistas entrevistados pelo BP Money, é necessário monitorar a nova doença, mas sem a mesma proporção da covid-19.

“A varíola do macaco não é nova e os surtos são pequenos na maioria das vezes. Não tem a mesma transmissibilidade da varíola humana”, afirma o infectologista e professor da Faculdade de Medicina da USP, Marcos Boulos.

Na opinião do especialista, a fiscalização de viagens aéreas é necessária porque os sintomas da doença podem demorar para aparecer.

“Geralmente os serviços de saúde conseguem controlar bem a doença, é importante fiscalizar as viagens de avião. Não há necessidade de fazer isso nos trajetos marítimos porque os sintomas da varíola irão se manifestar antes da pessoa chegar no Brasil”, disse.

De acordo com Álvaro Furtado, médico infectologista do Hospital das Clínicas, é necessário tranquilizar a população em relação à capacidade de contágio da varíola dos macacos. “O contágio é muito menor do que a covid-19 e do que a varíola humana, que já foi extinta. O Brasil precisa isolar os casos e monitorar os viajantes”, afirmou. 

Boulos avalia que nenhum tipo de barreira sanitária precisa ser feito, apenas o monitoramento dos voos vindos de países onde já existe o conhecimento de novas infecções da doença. O professor da Faculdade de Medicina da USP analisa que é muito difícil que a varíola dos macacos se dissemine da mesma forma que a covid-19.

“A transmissibilidade da covid-19 é muito maior e a doença não era conhecida. Os serviços de saúde já tem um conhecimento da varíola dos macacos”. 

“A varíola dos macacos já causou outros surtos anteriormente, mas todos foram contidos, o que mostra que este novo surto da doença tem tudo para se dissipar caso as autoridades de saúde monitorem as infecções”, acrescentou Furtado.

Varíola dos macacos: Brasil monitora doença 

O ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações anunciou na última quinta-feira (19) que formou uma Câmara Técnica Temporária para monitorar os desdobramentos da varíola dos macacos.

A pasta da saúde também anunciou que acompanha de perto o caso de um brasileiro, que está com suspeita da doença na Alemanha. O Brasil não registrou casos de varíola dos macacos no Brasil.

Os sintomas da varíola dos macacos geralmente incluem febre, dores musculares, dores de cabeça, dores nas costas, calafrios, exaustão, linfonodos inchados e lesões na pele. A infecção dura de duas a quatro semanas e os sintomas podem aparecer de cinco a 21 dias depois do começo da doença.

Outro fato que pode tranquilizar um possível avanço da varíola dos macacos é a existência de uma vacina desenvolvida contra a varíola, que já se mostrou eficaz para ambas as doenças. Contudo, a imunização só é autorizada para maiores de 18 anos considerados de alto risco de contrair a doença na maioria dos países.

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