O volume de vendas do comércio varejista subiu 1,4% em maio, na comparação com abril. Trata-se da segunda alta consecutiva do setor. O resultado foi divulgado nesta quarta-feira (7) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Com o desempenho, o varejo está em nível 3,9% superior ao do pré-pandemia, registrado em fevereiro do ano passado.
Em relação a maio de 2020, as vendas subiram 16%. No quinto mês do ano passado, o setor sentia os impactos da fase inicial da crise sanitária, que provocou fechamento de lojas.
Os resultados vieram em patamar inferior ao projetado pelo mercado. Analistas consultados pela agência Bloomberg estimavam avanço de 2,3% no volume de vendas ante abril, além de crescimento de 17,5% frente a igual período anterior.
Nesta quarta-feira, o IBGE também confirmou forte revisão no resultado de abril do comércio. Assim, a alta em relação a março passou de 1,8%, dado divulgado no mês passado, para 4,9%.
“Com a pandemia, há um novo cenário no comércio, com diferenças marcantes. O carnaval, por exemplo, não ocorreu neste ano. Com isso, há ajustes recorrentes que são feitos, baseados nas informações que chegaram por último, que foram inseridas naquele mês”, afirmou Cristiano dos Santos, gerente da pesquisa do IBGE.
Segundo ele, a crise sanitária trouxe maior volatilidade para a pesquisa, o que exige ajustes constantes. O analista frisou que a revisão de abril foi “uma questão estatística” por conta do ajuste sazonal.
Com o desempenho em maio, as vendas do comércio acumularam elevação de 5,4% em 12 meses. No acumulado deste ano, o setor registra alta de 6,8%.
Após o impacto inicial da crise sanitária, as vendas ensaiaram retomada ao longo do segundo semestre de 2020. Contudo, o avanço da Covid-19 na largada de 2021 e a redução de estímulos à economia geraram perda de fôlego.
Conforme Santos, o avanço de 1,4% nas vendas em maio, frente a abril, pode ser associado a uma combinação de fatores. Um deles é a própria base de comparação fragilizada pela piora da pandemia no começo do ano. Outro fator mencionado pelo gerente da pesquisa foi uma espécie de adaptação das lojas ao contexto de restrições na crise sanitária.
“Há alguns fenômenos que explicam os dois meses de alta”, definiu Santos.
Em maio, houve pagamentos do auxílio emergencial. O benefício, que havia sido retomado em abril, é considerado uma forma de estímulo ao consumo.
Segundo o IBGE, o aumento de 1,4% no comércio, em maio, foi acompanhado de taxas positivas em sete das oito atividades pesquisadas. O maior avanço nas vendas ocorreu dentro do segmento de tecidos, vestuário e calçados: 16,8%. Em seguida, vieram combustíveis e lubrificantes (6,9%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (6,7%).
A única atividade com redução no volume de negócios foi a de artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (-1,4%).
Neste momento, desemprego e inflação em alta desafiam o varejo. É que, juntas, as variáveis reduzem o poder de compra dos consumidores.
No trimestre encerrado em abril, dado mais recente disponível, a taxa de desemprego permaneceu no nível recorde de 14,7% no país. Havia 14,8 milhões de trabalhadores desocupados à época.
Já o controle da inflação é ameaçado pela pressão de itens como combustíveis e energia elétrica. A conta de luz ficou mais cara devido à crise hídrica, que encarece os custos de geração de energia.
Diante desse quadro, especialistas consideram fundamental o avanço da vacinação contra o coronavírus. A imunização é vista como mecanismo para reduzir restrições a atividades econômicas e elevar a confiança de consumidores.
O IBGE ainda divulgou nesta quarta-feira que as vendas do varejo ampliado subiram 3,8% na passagem de abril para maio. Esse setor inclui veículos, motos e material de construção. O avanço foi o segundo consecutivo.
Na semana passada, o IBGE divulgou o resultado de maio da produção industrial. No quinto mês deste ano, as fábricas registraram aumento de 1,4%, após três recuos em sequência. O desempenho do setor de serviços em maio será conhecido na próxima semana.