Após dois meses no azul, o volume de vendas do comércio varejista no país caiu 1,7% em junho, na comparação com maio. O resultado foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta quarta-feira (11).
Em relação a junho de 2020, houve alta de 6,3%. No sexto mês do ano passado, o setor sentia os impactos da fase inicial da pandemia, que restringiu o funcionamento de lojas.
Analistas consultados pela agência Bloomberg projetavam avanço de 0,5% no volume de vendas ante maio, além de crescimento de 8,7% frente a igual mês de 2020.
Com o desempenho de junho, o comércio acumulou alta de 6,7% no primeiro semestre. Em 12 meses, registrou elevação de 5,9% nas vendas.
Após o impacto inicial da crise sanitária, os negócios ensaiaram retomada ao longo do segundo semestre de 2020. Contudo, o avanço da Covid-19 na largada de 2021 e a redução de estímulos à economia geraram perda de fôlego nas vendas.
Um dos atuais desafios do varejo vem da combinação entre desemprego e inflação em alta. Juntas, as variáveis reduzem o poder de compra das famílias brasileiras.
No trimestre encerrado em maio, dado mais recente disponível, a taxa de desemprego foi de 14,6% no país. Havia 14,8 milhões de trabalhadores desocupados à época.
Enquanto isso, o controle da inflação tem sido ameaçado pela pressão de itens como combustíveis e energia elétrica. Ao longo deste ano, a conta de luz ficou mais cara devido à crise hídrica, que encarece os custos de geração de energia.
A seca, aliada ao registro de geadas no mês de julho, também pressiona os preços de alimentos. É que plantações foram danificadas pela escassez de chuva e, em seguida, pelo frio intenso.
Para tentar conter a inflação, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) voltou a subir a taxa básica de juros (Selic) no último dia 4. Na ocasião, confirmou alta de 1 ponto percentual na Selic, para 5,25% ao ano. Foi a maior elevação em 18 anos.
Diante desse quadro, o varejo aposta no avanço da vacinação contra o coronavírus. A imunização é vista por empresários e analistas como mecanismo para garantir maior segurança sanitária e, ao mesmo tempo, elevar a confiança dos consumidores.
Na semana passada, o IBGE divulgou o resultado de junho da produção industrial. No sexto mês deste ano, o indicador das fábricas ficou estagnado, com variação nula (0%) frente a maio. A produção industrial, conforme o IBGE, ainda sofre com a escassez de insumos e a demanda fragilizada por bens diversos.
Nesta quinta-feira (12), o instituto divulga o desempenho do setor de serviços em junho.