Vendas no varejo recuam 0,8% em julho 

O resultado ficou abaixo das expectativas, que eram de alta de 0,30% na base mensal e queda de 3,5% na anual

O volume de vendas no varejo no Brasil recuou 0,8% em julho, na comparação com o mês anterior, se tornando o terceiro mês seguido de queda. No acumulado desde o início do ano, a variação no varejo é de 0,4%. Já nos últimos 12 meses, o acúmulo é de uma queda de 1,8%. Os dados são da Pesquisa Mensal de Comércio (PMC), divulgada nesta quarta-feira (14), pelo IBGE. 

Na comparação com o mesmo período do ano anterior, a baixa foi de 5,2%. O resultado ficou abaixo das expectativas, que eram de alta de 0,30% na base mensal e queda de 3,5% na anual. Em relação ao comércio varejista ampliado, que inclui as atividades de veículos, motos, partes e peças e de material de construção, o volume de vendas em julho registrou baixa de 0,7%, em relação ao mês de junho, e 6,8%, em comparação com o mesmo período do ano anterior. 

A terceira queda seguida, após meses de alta, mostra uma retomada da trajetória irregular detectada desde o período mais grave da pandemia, segundo Cristiano Santos, o gerente da pesquisa. 

“O setor repete a trajetória que vem acontecendo desde março de 2020, com alta volatilidade”, afirma. O mês de abril foi o último com crescimento. Desde então, maio, junho e julho acumulam um recuo de 2,7%. Assim, o setor se encontra praticamente no mesmo nível do período pré-pandemia, fevereiro de 2020, com variação de 0,5%. “Esse patamar já esteve muito mais alto. Em julho de 2021, apresentou 5,3% acima de fevereiro de 2020”, destaca Santos.

Porém, na comparação com o nível pré-pandemia, o varejo mostra desigualdades em termos setoriais. Há atividades muito acima, caso de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (20,7%), Combustíveis e lubrificantes (11,3%), Material de construção (2,3%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (2,2%).

Entretanto, outras estão em patamar muito abaixo, caso de Livros, jornais, revistas e papelaria (-37,2%), com uma trajetória de perda muito por conta da própria lógica contemporânea do mercado, além de Tecidos, vestuário e calçados (-25,6%), Móveis e eletrodomésticos (-18,4%) e Veículos e motos, partes e peças (-12,4%).

Combustíveis e lubrificantes registraram alta no varejo 

O recuo de 0,8% no volume de vendas do varejo em julho, na comparação com o mês anterior, registrou queda em nove das 10 atividades pesquisadas, contando com o varejo ampliado. A atividade que registrou o maior recuo foi Tecidos, vestuário e calçados (-17,1%). Para Santos, o resultado na atividade teria alguns fatores. “Algumas das grandes cadeias comerciais apresentaram redução na receita, sobretudo na parte de calçados. Além disso, pode haver também escolhas do consumidor, considerando a redução da capacidade do consumo atual”, afirma. 

Móveis e eletrodomésticos (-3,0%), Livros, jornais, revistas e papelaria (-2,0%), Equipamentos e material para escritório informática e comunicação (-1,5%), Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,4%), Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,6%) e Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-0,5%), também registraram queda.

No comércio varejista ampliado, ambos setores tiveram queda: Veículos e motos, partes e peças (-2,7%) e Material de construção (-2,0%). Apenas a atividade de Combustíveis e lubrificantes (12,2%) mostrou crescimento. “Resultado da política de redução do preço dos combustíveis”, explicou Santos, destacando a deflação de 14,15% na atividade demonstrada no IPCA de julho.

Recuo de 5,2% no varejo, atingiu sete das 10 atividades

A PMC de julho, divulgada nesta quarta (14), também mostra que, na comparação anual, o varejo caiu 5,2%, contando com o varejo ampliado. As taxas negativas apareceram em sete das 10 atividades catalogadas. Destacam-se Outros artigos de uso pessoal e doméstico (-28,7%), Tecidos, vestuário e calçados (-16,2%) e Móveis e eletrodomésticos (-14,6%).

Além disso, as atividades de Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-0,4%) e Hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (-0,1%) também registraram queda. No comércio varejista ampliado, ambos setores caíram: Veículos e motos, partes e peças e Material de construção, com baixas de 8,5% e 13,7%, respectivamente.

Na comparação interanual, três atividades apresentaram alta, sendo elas Combustíveis e lubrificantes (17,4%), Livros, jornais, revistas e papelaria (11,2%) e Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (4,0%).
Vendas do varejo caem em 20 unidades da federação

Na passagem de junho para julho, 20 unidades da federação (UFs) registraram queda, com destaque para Bahia (-3,1%), Rio de Janeiro (-3,1%) e Maranhão (-2,8%). Entretanto, sete UFs que apresentaram taxas positivas, destacam-se Mato Grosso (3,5%), Paraná (1,7%) e Amapá (1,5%).

Na comparação anual, 20 UFs também registraram queda no varejo, com destaque para Rondônia (-24,1%), Tocantins (-11,4%) e Acre (-11,3%), já no lado positivo, Roraima (10,1%), Alagoas (5,8%) e Ceará (2,5%) destacam-se.