Para que a inflação convirja para a meta de 3%, o BC (Banco Central) teria de elevar a Selic, atualmente em 10,75% a.a, ao patamar de 15% a.a, avaliou o economista-chefe da XP Asset Management, Fernando Genta.
Para Genta, o ciclo de aperto teria de compensar não só a política fiscal expansionista, como também o efeito do último ciclo de queda dos juros, que levou a taxa Selic de um pico de 13,75% para 10,5% entre agosto de 2023 e maio deste ano.
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) acontece nesta semana, nos dias 5 e 6 de novembro. As apostas são de que haverá uma alta de 0,50 p.p, diante da persistência das pressões inflacionárias.
Megale projeta inflação a 5% devido a perspectivas pressionadas
Na análise de Caio Megale, economista-chefe da XP Investimentos, a inflação no Brasil este ano deve ir além do limite de tolerância da meta estabelecida pelo BC (Banco Central) e chegar ao patamar de 5% ou mais.
Em entrevista exclusiva ao BP Money, o economista ressaltou que os fatores determinantes para a inflação precisam ser observados de perto. Um desses fatores seria a atividade econômica “muito forte”, deixando margem para que pressões de custos sejam repassadas para preço.
“Há perspectivas de aumento de impostos para as empresas, a taxa de câmbio se desvalorizou, os salários estão subindo, tudo isso é custo para as empresas. Então, eu diria que ao redor desses 4,5% [onde a inflação está atualmente] é mais provável que a gente tenha uma inflação para cima, digamos 5%, 5 e pouco, do que mais perto dos 3%, que é a meta”, afirmou.
Megale alertou que o BC precisa estar atento nesse sentido, visto que, com a posição ao limite de tolerância, uma inflação mais alta sugere um desequilíbrio econômico.
“Não só o Banco Central tem que prestar atenção e reagir, como está reagindo, subindo a taxa de juros, mas também a questão das despesas públicas são importantes, porque as despesas públicas são outro fator que impulsionam a demanda interna”, disse Megale.
“Precisamos reequilibrar a oferta e a demanda, dar uma esfriadinha na demanda. Não só os juros têm que subir um pouco, mas também os estímulos fiscais tem que ser mais equilibrados também”, apontou.
Apesar disso, o economista-chefe da XP destacou que a inflação atual não está historicamente alta, pois a média histórica é entre 6% e 6,5%. Para ele, a meta de 3% do BC é “internacionalmente mais adequada”, pois as economias emergentes mais estáveis do mundo têm o mesmo objetivo.