Educação financeira

Carteira de investimentos para crianças: saiba como montar

O BP Money ouviu dois especialistas de investimentos para tirar dúvidas e avaliar a melhor maneira dos pais montarem uma carteira para seus filhos

Os pais sempre se preocupam com o futuro de seus filhos, especialmente quando se trata de questões financeiras. Para assim, garantir que eles possam cursar uma boa faculdade, conquistar seus desejos, explorar outros países ou simplesmente desfrutar de estabilidade financeira é um desejo constante dos pais. Para isso, introduzir as crianças ao universo dos investimentos pode ser uma estratégia sólida para moldar um futuro promissor.

A B3 ressalta que não há idade mínima para investir na bolsa brasileira, no entanto, há exceções em minicontratos, opções, swap e mercado futuro em geral, nas quais é necessário ter mais de 18 anos para aplicar.

Pensando nisso, o BP Money ouviu dois especialistas de investimentos para tirar dúvidas e avaliar a melhor maneira dos pais montarem uma carteira de investimentos para as crianças.

Inicialmente, André Sandri, sócio da AVG Capital e fundador do EDUCA$, ressalta que investir pensando no futuro dos filhos não é apenas uma questão financeira, mas também uma abordagem proativa para garantir que eles tenham oportunidades e uma vida mais tranquila. 

“A educação, por exemplo, é um dos maiores gastos que uma família pode ter, e uma boa reserva financeira pode garantir acesso a escolas e universidades de qualidade”, afirma Sadri. Além disso, Sandri afirma que, ao criar um fundo de investimento para os filhos, você está também ensinando-lhes sobre a importância do planejamento financeiro, da paciência e da disciplina.

Investimentos pensando no futuro das crianças

Para Sadri, a construção de uma carteira de investimentos para o futuro das crianças é uma combinação de estratégias de renda fixa e variável, sempre levando em consideração o perfil de risco, o horizonte de tempo e os objetivos financeiros desejados. “Diversificação é a chave, e estar bem informado e atualizado é essencial”, acrescentou.

Nesse sentido, Diego Hernandez, especialista em investimentos e CEO da Ativo Investimentos, acredita que esse tipo de carteira pode ter mais apetite ao risco, dado que é um uma carteira mais longa, que suporta um pouco mais. 

Investimentos em ações

Sandri ressalta que, as ações, na sua visão, são as melhores opções quando pensamos em investir na renda variável para o futuro das crianças.As ações representam uma parcela de uma empresa e tem o potencial de oferecer altos retornos a longo prazo”, explica. 

Desse modo, Sandri ressalta que ao escolher em qual setor investir, é preciso considerar vários fatores como o potencial de crescimento do setor, seu histórico de performance e principalmente sua estabilidade.

Em linha com Sandri, o especialista em investimentos destaca que as ações são uma boa alternativa, sobretudo, em setores perenes que crescerão ao longo prazo com menor volatilidade. Bem como, setores de energia, saneamento básico, commodities que puxam muito o país também, outros setores como minério de ferro, petróleo, grãos, podem ser boas opções. 

Além disso, Hernandez ressaltou que o setor dos bancos também pode estar na carteira, uma vez que, os bancos costumam ter um retorno bem satisfatório no longo prazo. 

Por outro lado, Sandri sugere também setores com histórico de performance e principalmente estabilidade, assim como, tecnologia, saúde e energias renováveis, “que têm mostrado crescimento contínuo e promissor nos últimos anos e podem ser boas apostas para o futuro”. 

“No entanto, é fundamental diversificar e não colocar todos os recursos em um único setor”, alerta Sandri.

Investimentos em renda fixa e renda variável

Ao olhar para os investimentos de renda fixa, que são conhecidos por sua segurança e retornos mais previsíveis, Sandri destaca opções mais populares como,os Tesouros Diretos, CDBs (Certificados de Depósito Bancário) e LCIs/LCAs (Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio). 

Contudo, no contexto atual, Sandri alerta que, com oscilações de juros e inflação, é importante estar atento ao cenário macroeconômico. Em um cenário de juros crescentes, títulos pós-fixados atrelados à taxa Selic ou ao CDI podem ser mais vantajosos. “Já em um ambiente de inflação elevada, títulos atrelados ao IPCA podem proteger o capital da corrosão inflacionária”, acrescenta.

Levando em consideração que, esta carteira é pensada no futuro das crianças e não é um recurso em caráter de urgência, Hernandez destaca que a renda variável pode ajudar essa carteira crescer. “Um portfólio bem estruturado precisa ter renda fixa e renda variável, podendo até dividir entre 50% de cada na carteira”, afirma.

“A carteira de investimento tem que ser igual a um prato que o nutricionista recomenda, um prato balanceado, ao montar a carteira o investidor deve fazer o mesmo, tem que ser calibrado e mensurado da maneira correta”, ressalta Hernandez. 

Empresas boas pagadoras de dividendos

As empresas pagadoras de dividendos são uma boa alternativa, na visão dos dois especialistas. Nesse sentido, Hernandez ressalta que vale olhar, assim como no mercado de ações, para os setores mais perenes, que via de regra, mais pagam dividendos. 

“O dividendo em si é interessante, porque ele mostra saúde da empresa, uma solvência, uma geração de caixa, que distribui essa esse essa riqueza junto aos acionistas”, explica.

Por fim, Sandri ressalta que ter empresas boas pagadoras de dividendos na carteira pode ser uma excelente estratégia, especialmente para aqueles que buscam uma fonte de renda passiva ao longo do tempo. 

“Os dividendos recebidos podem ser reinvestidos, aproveitando o efeito dos juros compostos, ou serem usados para diversificar a carteira de investimentos”, finalizou Sandri.