Finanças

Consultoria do Grupo Primo bate R$11 bi e muda CEO

Lui Duran assume cadeira de CEO, com o intuito de investir em formação de profissionais e abrir mais escritórios pelo Brasil

Portfel, consultoria financeira. Foto: Reprodução/ Instagram
Portfel, consultoria financeira. Foto: Reprodução/ Instagram

A Portfel, consultoria financeira do Grupo Primo, superou este mês a marca de R$ 11 bilhões em AuC (ativos sob custódia). Um número expressivo em si, mas ainda mais relevante dado o ritmo de crescimento de uma empresa que está completando cinco anos e soube transformar a influência das redes sociais em um modelo de negócios que hoje atende mais de 15 mil famílias com um time de 600 consultores financeiros por quase todos os estados do Brasil.

E não se dá por satisfeita, para isso, anuncia um novo CEO e vai investir milhões para seguir em expansão e bater R$ 100 bilhões em AuC até 2029. Uma meta ousada, mas que Lui Duran, um dos fundadores do negócio e que agora assume a cadeira principal, defende como uma questão de “quando” e não de “se”.

Origem da Consultoria

A consultoria começou a ser montada ao fim de 2019 por um grupo de engenheiros, sem background de mercado, que queria “fazer diferente”, mas “sem inventar a roda”. Na linguagem de finanças, isso significava criar um negócio para oferecer a clientes com R$ 100 mil, R$ 300 mil em investimentos um modelo de gestão de patrimônio que ficava restrito aos family offices.

A ideia saiu do papel em 2020 e foi crescendo aos poucos, enquanto os sócios-fundadores garimpavam no LinkedIn profissionais que pudessem embarcar no projeto. Em 2022, quando tinha conseguido suas primeiras centenas de milhões sob custódia, aparece Thiago Nigro, que estava acelerando a construção do ecossistema que unia sua audiência nas redes a empresas de finanças, da educação financeira às plataformas de investimento.

O ano de 2023 foi de estruturação, em que a empresa foi conectada a todas as unidades do negócio do grupo, investindo em expansão e treinamentos de consultores. Em 2024, a AuC saiu de R$ 2 bilhões para R$ 7 bi. No primeiro semestre de 2025, fez 120% da meta de captação.

Crescer sob a imagem dos sócios, dois dos maiores influenciadores de finanças do Brasil, pode ser bom ou ruim. De um lado, tem uma base de potenciais clientes gigantesca, com uma comunidade que beira os 13 milhões no Instagram, 8 milhões no YouTube, além de 200 mil alunos nos cursos.

No entanto, pode ser um desafio ter esse alvo nas costas, sobretudo para um negócio que está começando no mercado. Para contornar essa situação é transformando seguidores em clientes, fazendo com o que o “boca a boca” se torne mais importante do que depender do alcance de Thiago Nigro e Bruno Perini, outro mega influenciador de finanças por trás do Grupo Primo.

“O grupo gera uma quantidade enorme de pessoas interessadas, não só no lado de clientes, mas também de consultores que querem trabalhar com a gente”, conta Duran.

O plano é expandir essa fórmula ao máximo. A Portfel capta R$ 500 milhões por mês com certa consistência, segundo o CEO, e caminha para se tornar a unidade de negócio mais rentável do grupo.

“Dos R$ 10 bi para os R$ 100 bi é uma questão de quando, não de se. O nosso grande diferencial é que esse patrimônio já está dentro de casa, só precisamos chegar nele”, afirma em menção à base de usuários conectados ao ecossistema criado por Nigro.

Trajetória até os R$ 100 bilhões

Duran chega ao cargo de CEO depois de uma transição que já vinha sendo preparada portas adentro para substituir Felipe Spritzer, que comandava a companhia desde a fundação em 2019.

O executivo é um dos fundadores do negócio, já se sentava na diretoria e participava nas decisões do grupo. Agora, assume o “desafio adicional de representar a empresa portas afora”, como prefere colocar, sem grandes mudanças na estratégia que a Portfel adotou até aqui.

Para chegar aos R$ 100 bilhões sob custódia antes de 2030, a nova fase tem dois focos principais:

O primeiro passa pela formação dos profissionais, com um investimento de R$ 200 milhões para aprimorar a tecnologia proprietária que a companhia oferece de ferramenta de trabalho aos consultores.

A plataforma cruza a alocação de patrimônio do cliente com as estratégias de investimento feitas pelo time interno de research.

O outro foco segue pela abertura de escritórios físicos. A sede saiu do Alphaville, um bairro nobre localizado na Grande São Paulo, onde localizam-se os escritórios do Grupo Primo, em janeiro desde ano. Agora, a consultoria está na região da Avenida Faria Lima, um escritório pensado para receber os clientes no centro financeiro da capital, fechar grandes negócios e “passar uma mensagem para o resto do mercado”, diz o CEO.

O intuito é crescer outros olhares para além de SP. A empresa já tem escritórios em Caxias do Sul (RS), Porto Alegre (RS), Vitória (ES) e Curitiba (PR), uma unidade recém-inaugurada.