Educação financeira

Investidores relatam aumento de golpes financeiros

Mais de 8 milhões de brasileiros foram vítimas de golpes financeiros no intervalo de 12 meses

Assessores consultados pelo BP Money relataram o aumento crescente de clientes que narram ter passado por situações recentes de tentativas de golpes financeiros. Por um lado, alguns desses investidores citados conseguiram notar a manobra a tempo; por outro lado, mais de 8 milhões de brasileiros foram vítimas de golpes financeiros no intervalo de 12 meses. Essa é a estimativa da pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas e pelo Serviço de Proteção ao Crédito, o SPC Brasil, que coletou dados de 800 pessoas em todo o país. 

André Carneiro, senior managing diretor da Sophos no Brasil, explicou em resposta à reportagem que os investidores devem ter cautela ao fornecer seus dados no momento de um atendimento feito de maneira remota. “Sempre desconfie quando te colocarem pressão para fornecer algum dado crítico e busque inverter a chamada quando isso acontecer, desligando e ligando novamente para seu assessor, por exemplo, ou questionando a real necessidade de envio dessas informações”, alertou.

O especialista destaca que se faz necessário que o contato entre o correntista e uma corretora, por exemplo, seja feito estritamente por meios comuns, ou seja, telefones, emails e mensagens – que são os canais autorizados – ou por vias já utilizadas anteriormente. “Mesmo assim, não se deve jamais passar quaisquer tipos de códigos, tokens ou informações sigilosas por essas conversas”, salienta.

Ainda segundo a pesquisa, entre os entrevistados, 22% informaram ter sido vítima de algum tipo de fraude, como transferência financeira para golpista que se passa por conhecido, cartão clonado ou empréstimo fraudulento.

Em alguns casos, os investidores têm se deparado com os golpes que se apresentam com técnicas cada vez mais elaboradas, tendo acesso a informações sensíveis dos alvos, convencendo as vítimas de que a situação não é forjada e sim referente a uma comunicação oficial, seja o banco ou corretora.

De acordo com o managing diretor da Sophos no Brasil as quadrilhas estão cada vez mais especializadas em concentrar as informações dos usuários. “Muitas vezes, serviços que utilizamos na internet são vítimas de vazamentos de dados e não damos conta de que nossas informações podem estar nas mãos de criminosos”, explica.

Carneiro esclarece que a sincronização dos dados resulta na construção de um perfil detalhado do usuário, tornando mais simples para os criminosos manipularem essas informações. Munidos desses dados, os golpistas aprimoram técnicas cada vez mais precisas na tentativa de ludibriar as pessoas.

“É importante evitar expor a vida em plataformas sociais, restringindo acessos, alterando constantemente senhas de aplicações críticas, como emails e plataformas bancárias, além de estar atento a notícias de vazamentos que ocorreram em sistemas que você utiliza, sejam elas nacionais ou globais”, completa.

Golpes financeiros se intensificam no fim de ano

Durante a temporada de final de ano, que é o período mais movimentado para compras, os cibercriminosos veem uma oportunidade para realizar golpes. Estatísticas revelam que atualmente, 35% de todas as fraudes estão relacionadas às compras feitas pela internet.

“Momentos de festividades e comemorações, bem como com aumento do “relaxamento” das pessoas em períodos de férias são entendidos pelos criminosos como oportunidades para a aplicação de golpes”, disse o especialista.

De acordo com o diretor geral da empresa de cibersegurança, é nesse período em que as pessoas tendem a ficar menos vigilantes e menos atentas aos acontecimentos, “abaixando a guarda” para os crimes digitais e, assim, facilitando a execução. “É muito importante compreender que somos responsáveis também por nossa segurança eletrônica e, por isso, devemos sempre desconfiar de tudo o que é diferente da rotina normal, bloqueando e reportando rapidamente qualquer incidente que possa vir a ocorrer”, adverte.

Evolução dos golpes financeiros com Inteligência Artificial

“Com certeza” responde o especialista quando perguntado se o avanço tecnológico abre novas portas para golpes e fraudes. Carneiro salienta que toda inovação tecnológica traz consigo um potencial tanto para o bem quanto para o mal. Enquanto os criadores buscam melhorar a vida das pessoas, os criminosos encontram maneiras de explorar essas ferramentas para seus próprios interesses, muitas vezes cometendo atos ilícitos.

“Por exemplo, a IA com o uso de sistemas de voz e faces humanas pode ser uma grande inimiga no futuro, emulando com perfeição vozes e imagens, e dificultando ainda mais para as pessoas identificarem o que é falso e o que é verdadeiro no mundo virtual. Em posse dessas tecnologias, os criminosos com certeza trarão muitos problemas e, ao mesmo tempo, muitas novidades relacionadas a golpes financeiros, infelizmente”, exemplifica.

Tipos de golpes digitais que os investidores estão mais suscetíveis

Os serviços bancários online e os sistemas de pagamento móvel (como o uso do PIX e dos cartões digitais por aproximação) são alguns dos principais golpes citadas por André Carneiro, em que os investidores são alvo dos golpes praticados no Brasil. Além disso, a crescente quantidade de aplicativos falsos, como para transferências fraudulentas de criptomoedas, por exemplo, tem se tornado uma prática cada vez mais comum. 

“As fraudes podem assumir vários formatos e, na maioria das vezes, iniciam-se com o roubo de identidade, como descobrir um usuário, uma senha, um número de CPF, um endereço ou um token de acesso.Vemos muitos aplicativos falsos que prometem lucros e ganhos financeiros rápidos, criados com o objetivo de iludir as pessoas ao enriquecimento instantâneo, disponíveis nas lojas de apps dos dispositivos móveis. Sejam de comércio de criptomoedas falsas ou uso de jogos de lucro fácil, essas aplicações fazem com que as pessoas transfiram muito dinheiro para locais com nenhuma credibilidade”, explica. 

O especialista destaca os principais golpes

● Golpes de phishing por email ou SMS (endereços de internet falsos que enganam os usuários e os levam a enviar informações por meio de sites ou aplicativos falsos);

● Engenharia social (ligações telefônicas falsas de centrais de atendimento, pessoas se passando por gerentes de empresas ou assuntos aleatórios para tentar enganar quem os atende);

● Roubo de informações por meio de vazamento de senhas de provedores públicos de email;

● Exploração de vulnerabilidades em sistemas bancários, entre outros.