O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) funciona como medidor oficial da inflação. É calculado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Apesar de ter sido criado em 1979, apenas a partir dos anos 2000 ele passou a ser usado pelo Banco Central como o índice oficial da inflação.
O IPCA é usado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) como parâmetro para ajustar as metas de inflação, e pelo Copom (Comitê de Política Monetária) para revisar a taxa básica de juros da economia, a Selic.
O indicador tem como objetivo abranger 90% das pessoas que vivem nas áreas urbanas no país – e é justamente por isso que é chamado de “amplo”. O resultado da conta indica se, na média, os preços aumentaram, diminuíram ou permaneceram estáveis de um mês para o mês seguinte.
Como é calculado o IPCA
A primeira etapa para a definição do IPCA é a pesquisa de preços, realizada todo mês pelo IBGE em estabelecimentos comerciais, domicílios e concessionárias de serviços públicos. A pesquisa de preços é realizada todos os dias e apenas o valor à vista dos itens é contemplado.
A cesta de produtos e serviços pesquisados mensalmente envolve itens de naturezas variadas. Entram arroz e feijão, é claro, mas também consulta médica, mensalidade escolar, aparelhos eletrônicos e atividades de lazer.
O levantamento é realizado em cerca de 400 mil preços ao longo do mês, em algo próximo a 30 mil estabelecimentos. Esse processo é repetido todos os meses para que possa ser feito o comparativo.
Assim que é concluída a pesquisa de preços em cada região, os índices são agregados e passam a compor o índice nacional. Entretanto, o cálculo que é feito para definir o IPCA dá pesos diferentes a cada região. Com isso, há locais que pesam mais sobre o índice de inflação por motivos relacionados ao tamanho da sua população e à relevância econômica da região dentro do país.
O IPCA é o indicador central, mas outros semelhantes orbitam em torno dele. O IPCA-15, por exemplo, segue a mesma metodologia. A única diferença é o período de coleta, que vai do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês seguinte. Já o IPCA-E – ou Especial – representa o índice acumulado a cada trimestre pelo IPCA-15.
O alvo da metodologia do IPCA são as famílias com rendimentos de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a sua fonte de renda.
Produtos e serviços pesquisados pelo IPCA
O IPCA avalia de 300 a 400 produtos e serviços. Assim como o número, a qualidade também muda. Itens voltados para o cuidado de animais de estimação e plataformas de streaming, por exemplo, passaram a compor o índice, enquanto outros abandonaram a lista, como assinaturas de jornal e ternos.
Porém, alguns itens permanecem e não devem sair tão cedo porque estão na essência da cultura de consumo dos brasileiros, como arroz, feijão, cabeleireiro e barbeiro, leite, algumas espécies de peixe, cortes de carne, serviços médicos e transporte viário.
Esses itens são separados em sete categorias diferentes, cada uma tendo um percentual de participação na composição do índice de preços. A composição do IPCA foi atualizada no início de 2020. Um total de 377 diferentes itens passaram a ter seus preços coletados todos os meses, divididos em nove grupos de gastos:
– Alimentação e bebidas (19,3%);
– Habitação (15,6%);
– Artigos de residência (3,8%);
– Vestuário (4,6%);
– Transportes (20,6%);
– Saúde e cuidados pessoais (13,5%);
– Despesas pessoais (10,7%);
– Educação (6,1%);
– Comunicação (5,7%).
Também é importante lembrar que as regiões do Brasil têm um peso diferente na composição do IPCA. Os dados são coletados nas regiões metropolitanas de 16 capitais, mas cada uma tem uma representatividade específica no cálculo.
O que determina essa diferença é a renda média das famílias. Assim, lugares em que o rendimento é maior pesam mais no IPCA. Confira a lista abaixo:
– Rio Branco 0,5
– Belém 3,9
– São Luís 1,6
– Fortaleza 3,2
– Recife 3,9
– Aracaju 1,0
– Salvador 6,0
– Belo Horizonte 9,7
– Vitória 1,9
– Rio de Janeiro 9,4
– São Paulo 32,3
– Curitiba 8,1
– Porto Alegre 8,6
– Campo Grande 1,6
– Goiânia 4,2
– Brasília 4,06
O que faz o IPCA subir ou descer
Alguns fatores afetam o índice de preços. De início, é necessário levar em conta a lei da oferta e da procura e seu impacto sobre os preços. Em geral, o produto sobe de preço se a procura aumenta e a oferta desse mesmo item permanece igual ou diminui.
O mesmo vale para o contrário: se a demanda diminui ou fica estável e a oferta de produtos cresce, é de se esperar que o preço diminua.
Isso pode acontecer em períodos de prosperidade, quando a renda está em alta e mais pessoas têm condições de consumir, sem que as empresas tenham ainda tido tempo para ajustar o nível da sua produção. Picos de inflação costumam ocorrer nessas épocas. Por outro lado, quando o consumo está em queda, os preços tendem a ficar estagnados.
O excesso de gastos públicos também pode ser uma causa de inflação, pois mais dinheiro em circulação costuma aquecer a economia. Outro fator que pode provocar ajustes de preços internamente é uma movimentação brusca no câmbio, devido a um choque externo.
O preço que o produtor ou comerciante paga para produzir, transportar e vender um produto ao longo de toda a cadeia também impacta o IPCA. Se o empresário nota um aumento no preço para fazer o produto chegar ao consumidor, a tendência é que ele repasse esse valor extra ao cliente, que pagará mais caro.
Categorias do IPCA
O IPCA-15 (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15) é uma prévia do IPCA que mede a alteração de preços ao longo de 30 dias, mas usando um período entre dois meses diferentes e consecutivos, como, por exemplo, o final de novembro e o começo de dezembro. A data de início da apuração é dia 16 do mês anterior e a data final é dia 15 do mês de referência.
O IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-Especial) usa o mesmo recorte do IPCA-15, pegando como ponto de partida e ponto final o meio do mês de meses consecutivos. A diferença é que o IPCA-E faz esse recorte para um trimestre inteiro. Ele mede, por exemplo, a oscilação dos preços entre o dia 16 de janeiro e o dia 15 de março.
IPCA e Taxa Selic
O Copom usa o índice de inflação como um dos fatores para operar a sua taxa básica de juros, a Selic. Geralmente, quando a inflação sobe de maneira persistente, refletida pelo IPCA, o Banco Central entende que é hora de intervir nessa pressão sobre os preços, aumentando a Selic.
IPCA e o impacto nos investimentos
O impacto do IPCA é direto, pois o seu aumento é quase sempre acompanhado do aumento da Selic, que é usada como indexadora de muitos investimentos em renda fixa, como Tesouro Direito, LCIs e LCAs, CDBs, CDIs e alguns fundos de investimento de renda fixa atrelados à inflação.
Com isso, o IPCA tem impacto indireto na rentabilidade desses papéis, que se beneficiam de uma inflação crescente. Também é esperado que os investimentos rendam mais que o IPCA para garantir que estejam mantendo ou ampliando o poder de compra do cidadão.
IPCA x IGP-M
Dois indicadores de inflação, ambos servem para medir a flutuação dos preços e o custo de vida da população. Mas quais são as diferenças entre eles?
A principal diferença entre eles é que o IPCA, o índice mais conhecido para medir a inflação no Brasil, considera, principalmente, a variação de preços para o consumidor final, o IGP-M considera também a variação de preços nos estágios de produção.
Além disso, diferente do IGP-M, o IPCA fica sob responsabilidade do IBGE. No IPCA, são acompanhados cerca de 350 produtos e serviços, enquanto que, no IGP-M, há em torno de 1.400 itens.