Green Energy Report

Governadores do Nordeste se unem para pedir criação do Fundo Caatinga

Proposta já foi entregue ao governo federal e está sendo analisada pelo BNDES

Os governadores do Nordeste se uniram para pedir a criação do Fundo Caatinga, similar ao Fundo Amazônia. A preservação do bioma voltou a ser defendida durante a COP28 (28ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas), em painel que reuniu o governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, a governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, e o governador do Ceará, Elmano de Freitas.

Na ocasião, Jerônimo Rodrigues destacou que a importância ambiental e social do bioma precisa ser reconhecida e preservada. “A Caatinga precisa ocupar o seu espaço na construção das políticas públicas de preservação no Brasil. Colocamos à mesa do governo federal uma proposta para a criação do Fundo da Caatinga, um instrumento que vai, entre outras coisas, permitir o financiamento de ações para prevenir desmatamento, promover revegetação, educação ambiental e sustentabilidade, por exemplo”, afirmou.

A proposta já foi entregue ao governo federal e está sendo analisada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Ecônomico e Social). Em Dubai, a governadora de Pernambuco reforçou a importância da Caatinga para o cumprimento das metas brasileiras de preservação. “Sem dúvidas, o Brasil é parte da solução do problema climático no mundo, e queremos que o Brasil veja a Caatinga como parte da solução no Brasil”, disse Raquel.

Bioma

A Caatinga é o único bioma que é totalmente brasileiro, também está presente em todos os estados do Nordeste e no norte de Minas Gerais. Nele moram 27 milhões de pessoas e sua área ocupa cerca de 10% do território do país. Na Bahia, a Caatinga ocupa 85% do território. O estado promove ações de preservação do bioma e, em agosto de 2016, instituiu a Política Estadual de Convivência com o Semiárido, instrumento intersetorial que dá sustentação jurídica a programas governamentais e ações da sociedade civil.

“Reconhecemos a importância de todos os biomas, não queremos competir ou inviabilzar outras ações, mas o Fundo da Caatinga precisa ser pensado como mais uma ação do Brasil em seu compromisso com a questão ambiental, inclusive por conta da sua importância no processo de transição energética”, sinalizou o governador da Bahia.

Atualmente, 90% da energia eólica e a grande maioria dos parques de energia solar instalados do país estão na Caatinga. Como contrapartida a essa contribuição, os governadores pedem que o governo federal aprove a criação do fundo que vai garantir as condições naturais do bioma, que passa por graves ameaças, com pontos de desertificação que preocupam especialistas.

“Se engana quem pensa que a caatinga é um lugar seco e sem vida. Apesar da aridez, a vegetação tem como característica raízes profundas que seguram o carbono, contribuindo para a redução do aquecimento global. Precisamos de mecanismos que permitam preservá-la”, explicou Jerônimo.