Green Energy Report

Presidente da Abeeólica aponta que falta de infraestrutura no Nordeste ainda é desafio para crescimento elétrico verde

A presidente executiva da Associação Brasileira de Energia Eólica e Novas Tecnologias (Abeeólica), Elbia Gannoum, aponta que a falta de infraestrutura ainda cria gargalos que dificultam a transmissão de energia diante do potencial de produção das empresas do setor. “A falta de linhas de transmissão na região Nordeste ainda é um enorme desafio para os planos ambiciosos de crescimento elétrico verde Brasileiro”, disse Elbia Gannoum.

Ela destacou, entretanto, que a aprovação de um marco legal do hidrogênio verde impulsionará a demanda por energias renováveis no Brasil. “A estimativa é que até 2040 a gente tenha um acréscimo de 180 GW de eólica e solar na matriz elétrica brasileira”, destacou na entrevista à Green Energy Report.

Leia a íntegra da entrevista abaixo:

Qual expectativa da senhora sobre as possibilidades de expansão do setor de produção de energias de fontes renováveis se houver aprovação do marco regulatório do Hidrogênio Verde que tramita no Congresso Nacional? A senhora vê perspectiva de impulsionamento de outras matrizes energéticas, como a eólica, a partir da aprovação desse marco?

São ótimas as perspectivas. O hidrogênio verde impulsionará a demanda de energias renováveis no Brasil. A estimativa é que até 2040 a gente tenha um acréscimo de 180 GW de eólica e solar na matriz elétrica brasileira. O marco legal no Congresso é o primeiro passo para consolidarmos a neoindustrialização e dar a segurança jurídica necessária para promoção desses novos projetos de hidrogênio, que fomentarão demanda de energia renovável.

As energias renováveis são uma grande aposta para a descabornização da economia. O Brasil responde atualmente por 7% da energia renovável do planeta. Como a senhora avalia, nesse sentido, a posição brasileira? É possível avançar? O que seria necessário?

A matriz elétrica brasileira tem 85% de sua fonte renovável, o que é bastante relevante em comparação com a matriz de outros países, no entanto, o Brasil tem a oportunidade única de ser o vetor das ações que englobam a transição energética mundial para uma economia de baixo carbono. Por tal razão, precisamos aproveitar toda a oportunidade de crescimento para ampliar a utilização das fontes renováveis, neste sentido, a chegada do hidrogênio verde e das eólicas offshore vão incrementar ainda mais a matriz. Não há como recuar na transição energética.

A ABeeólica tem planos para expandir a produção de energia eólica no país? Qual a aposta da companhia para os próximos anos?

A Abeeólica é uma associação. A Expansão da energia eólica no país de maneira prática é feita por empresas associadas e outras empresas da indústria eólica que não são associadas. Quanto à expansão, sim, a indústria eólica cresce de maneira exponencial a cada ano e este ano vai superar a média do ano passado de 4GW por ano. Devemos fechar com ano com mil parques e 30 GW de capacidade instalada, ocupando o segundo lugar na matriz elétrica entre os empreendimentos de grande porte, o que representa 13%, e ficando atrás da fonte hidrelétrica.

No Nordeste, por exemplo, os investidores do setor queixavam-se da falta de infraestrutura para a distribuição da energia produzida. A infraestrutura, notadamente o déficit de redes de distribuição, ainda são um empecilho?

A falta de linhas de transmissão na região Nordeste, ainda é um enorme desafio para os planos ambiciosos de crescimento elétrico verde Brasileiro. O sistema elétrico Brasileiro é completamente interligado, ou seja, posso estar gerando com as usinas eólicas na região Nordeste, para atender ao consumo de energia de residência na região Sudeste, no entanto, atualmente, o que se percebe é que um enorme montante de geração eólica acaba sendo “jogada fora”, em função de não haver demanda suficiente na região nordeste e haver um esgotamento das linhas de transmissão que deveriam levar a energia para o resto do país. Em suma, no que se refere a infraestrutura, é preciso mais linhas de transmissão. É aí que está o gargalo para escoar toda a energia produzida pelas renováveis no Nordeste.