O BC (Banco Central) deve adiar a regulação de IA (Inteligência Artificial) no sistema financeiro. O chefe de Regulação do Sistema Financeiro da autarquia, Antonio Guimarães, afirmou que o Brasil adotará uma abordagem cautelosa na regulação de IA, “não implementando regras formais até pelo menos 2026”.
Guimarães concedeu uma entrevista exclusiva à organização do evento Finance of Tomorrow 2025. Informações via BeinCrypto e Época Negócios.
De acordo com o chefe de regulação, a prioridade do BC é “garantir clareza jurídica com a lei em discussão no Congresso”, equilibrando inovação e estabilidade do sistema. O banco deve publicar em breve os resultados de uma pesquisa sobre o uso de IA e posteriormente, em 2026, analisar o impacto regulatório.
“Nosso maior objetivo do ponto de vista do Banco Central é encontrar o equilíbrio entre fomentar a inovação, preservando também o controle de riscos e a estabilidade do sistema”, disse Guimarães após a conclusão da cúpula.
“Estamos conversando com o mercado para entender o que estão fazendo e quais são os principais desafios que enfrentam em relação a este objetivo principal que temos de garantir que não teremos uso antiético de IA no sistema financeiro brasileiro, mas, ao mesmo tempo fomentar a inovação. Isso resultará na construção de uma regulação proporcional para o sistema financeiro. No momento, não planejamos emitir nenhuma regulação, pelo menos não até o final de 2026” adicionou.
Além de conversas com o mercado financeiro, Antonio Guimarães também afirmou que troca experiências com autoridades internacionais, como a britânica Financial Conduct Authority (FCA).
“Colin Payne da FCA trouxe muitas ideias excelentes e está à nossa frente em muitas coisas, especialmente no uso de IA. Planejamos manter contato e aprender com eles e trazer essa experiência para o Brasil”, disse, sinalizando potencial colaboração regulatória entre Reino Unido e Brasil.
Stablecoins no centro da regulação
Também durante o evento Finance of Tomorrow, o diretor de Organização do Sistema Financeiro do BC, Renato Gomes, declarou que as stablecoins são o foco da regulação sobre ativos digitais.
Segundo ele, a regulação terá como eixos centrais: conduta, governança e segurança e a supervisão de emissores desses ativos.
“Cerca de 90% das transações de criptomoedas que acontecem no Brasil usam ‘stablecoins’, que são o foco da regulamentação que o Banco Central está preparando”.