Um estudo realizado pela Retail Investor Survey 2025, da Betterment, apontou que 53% dos investidores já utilizam IA (inteligência artificial) generativa ao menos uma vez por mês para investigar ativos — embora apenas 30% confiem nela para tomar a decisão final.
O motivo aparece em outro levantamento: 65% dos entrevistados preferem manter um humano no comando das finanças, mesmo que a IA prometa retornos maiores. A combinação mais desejada é clara: “IA para o rascunho, gente para o ok final”. Ou seja, o algoritmo virou curador de carteiras.
No Brasil, a pergunta mais frequente relacionada ao tema “assessor de investimentos” feita no ChatGPT é: “meu assessor está certo?”. A plataforma ganhou o status de “isenta” entre os investidores, funcionando como um contraponto neutro a conselhos bancários ou de influenciadores.
Segundo publicação do InfoMoney, há hoje uma tríade — bancos, influenciadores/assessores e IA — que pode funcionar de forma virtuosa. A inteligência artificial resume relatórios de 40 páginas em três linhas; o influenciador traduz o jargão para o “sotaque” do público; o assessor valida estratégia, risco e alocação antes da ordem de compra. Todos ganham se a cadeia de transparência estiver clara e com responsabilidades bem definidas.
Riscos e desafios da IA no mercado financeiro
Contudo, há um alerta: a mesma IA que pode otimizar o patrimônio também pode ser usada para fraudes sofisticadas. Os ataques de deepfake contra empresas cresceram 1.740% entre 2022 e 2023, com perdas que já superam US$ 200 milhões apenas no primeiro trimestre de 2025. Se já é difícil para o investidor comum distinguir uma análise honesta de uma propaganda disfarçada, imaginar se o advisor em um vídeo ao vivo é real ou apenas uma simulação digital torna o cenário ainda mais desafiador. E se o influenciador for uma vítima de deepfake? Quem reconhece?
Regulamentação e o futuro dos Robo-Advisors
Outro dado relevante: 41% dos millennials e da Geração Z aceitariam entregar sua carteira de investimentos integralmente a um robô — quase o triplo da proporção entre os boomers. Essa escalada já pressiona os reguladores. A União Europeia incluiu os robo-advisors e os sistemas de scoring algorítmico na categoria de “alto risco” no AI Act, em vigor desde 1º de agosto de 2024, prevendo multas de até 7% do faturamento global. No Brasil, o PL 2338/2023, aprovado no Senado em 10 de dezembro de 2024, cria um sistema de classificação semelhante e segue em análise na Câmara dos Deputados.