
A rivalidade entre Jeff Bezos e Elon Musk ganhou um novo capítulo. Agora, os dois bilionários disputam quem levará data centers de inteligência artificial para o espaço. A proposta busca resolver gargalos crescentes de energia e infraestrutura na Terra.
A Blue Origin, empresa de Bezos, mantém há mais de um ano uma equipe dedicada ao desenvolvimento de data centers orbitais. Enquanto isso, a SpaceX, de Musk, planeja adaptar satélites Starlink para hospedar capacidade de computação de IA.
A SpaceX apresentou a proposta em uma rodada de investimentos recente. Segundo fontes do mercado, essa captação pode avaliar a companhia em cerca de US$ 800 bilhões. A ideia envolve usar versões aprimoradas dos satélites Starlink para processamento de dados.
Dessa forma, a empresa busca criar uma infraestrutura distribuída de IA fora da Terra. Além disso, o projeto permitiria reduzir a dependência de energia terrestre, um dos principais entraves para o treinamento de modelos avançados.
A estratégia parte de um ponto central: no espaço, a energia solar é abundante. Por isso, os satélites poderiam operar continuamente e transmitir dados para a Terra. Assim, empresas contornariam limitações como custo, escassez energética e restrições ambientais.
Os obstáculos são significativos, para replicar um data center terrestre de 1 gigawatt, seriam necessários cerca de 10 mil satélites. Cada unidade precisaria gerar aproximadamente 100 quilowatts.
Além disso, engenheiros ainda precisam resolver problemas de temperatura, radiação espacial e latência na transmissão de dados. Portanto, o avanço depende de inovação contínua e escala industrial.
Google e OpenAI também avaliam projetos
O Google também analisa entrar na corrida em parceria com a Planet Labs, a empresa pretende lançar dois satélites de teste no início de 2027. Eles devem operar com unidades de processamento tensorial (TPUs). A própria companhia classifica o projeto como ambicioso e de alto risco.
Enquanto isso, Sam Altman, CEO da OpenAI, estudou a possibilidade de a empresa assumir uma operadora de foguetes. O objetivo seria implantar computação de IA diretamente no espaço. Além disso, startups como Aetherflux e Starcloud já desenvolvem projetos próprios com apoio de capital de risco.
A perspectiva de milhares de satélites funcionando como data centers pode beneficiar toda a cadeia aeroespacial. Empresas de foguetes tendem a ganhar escala com esse modelo. Nesse contexto, a SpaceX aposta no Starship, seu foguete ainda em desenvolvimento.
Segundo Elon Musk, o Starship poderá entregar entre 300 e 500 gigawatts por ano em satélites de IA movidos a energia solar.
“O Starship deve ser capaz de entregar cerca de 300 GW por ano de satélites de IA movidos a energia solar para a órbita, talvez 500 GW”, afirmou Musk em publicação recente no X.
Jeff Bezos reconhece o potencial da ideia. No entanto, ele avalia que a computação orbital ainda levará tempo para competir em custo com data centers terrestres. Segundo o empresário, essa virada pode ocorrer em até 20 anos.
Assim, embora a corrida já tenha começado, o mercado ainda trata a computação espacial como uma aposta estratégica de longo prazo.