Ocasional

Banco Master: economista-chefe vê bolsa barata, mas alerta que investidor precisa ter "muito estômago"

Para Paulo Gala, economista do Banco Master, a Bolsa nacional deve ter uma performance ainda melhor no médio e longo prazo

Economista-chefe do Banco Master, Paulo Gala falou sobre a “tempestade perfeita” nas bolsas de valores mundiais que tem penalizado os ativos da renda variável. Para ele, a volatilidade atual é incomum, principalmente para as bolsas americanas. 

Ainda de acordo com o economista do Banco Master, a Bolsa nacional deve ter uma performance ainda melhor no médio e longo prazo. “A bolsa brasileira era o grande destaque mundial e subiu 35% em dólar do início do ano até março. Estruturalmente, o Brasil ainda é uma boa oportunidade. O que ocorreu foi a reprecificação de risco do mundo e a mudança da trajetória dos juros nos EUA”, apontou Gala. 

“Olhando a médio e longo prazos, o Brasil ainda tem muita chance de se recuperar. As altas que víamos eram das commodities, principalmente Petrobras (PETR4), Vale (VALE3), PetroRio (PRIO3), siderúrgicas e bancos. Por outro lado, quem sofreu demais foram as small caps, porque são ações de baixa liquidez. Quando os grandes investidores saem, o efeito é dramático. Mas é importante lembrar que no ano que vem teremos um ciclo de cortes de juros no Brasil, com muito espaço para alta da bolsa brasileira”, completou o economista.

Apesar de não enxergar o atual momento como o melhor para ir às compras, ele avalia que a bolsa está muito barata e há oportunidades. “A ideia é comprar ao som dos canhões e vender ao som dos violinos”, disse. 

“Quando olhamos os múltiplos, o prêmio está elevadíssimo. Temos grande chance de uma boa recuperação no segundo semestre.  Não é para sair comprando bolsa agora, só se você tiver muito estômago e uma capacidade de ficar nas posições por muito tempo, porque a correção americana ainda não acabou”, explicou. 

Questionado sobre quais setores estão valendo a pena atualmente, Gala destaca as commodities e os bancos. “Para o curto prazo, commodities, que foram bem castigadas com o lockdown na China. Bancos também, que estão surfando esse cenário de juros altos.Para médio e longo prazo, destaco mid e small caps, as cíclicas domésticas. Quando o Brasil voltar a crescer no ano que vem e a Selic voltar a cair, aí haverá um espaço muito grande para essas ações”. 

Importância da China para o Brasil

De acordo com Gala, atualmente, cerca de 10% das exportações brasileiras vão para os Estados Unidos, enquanto 30% vão para China. O economista afirma que o país asiático é tão importante para o Brasil quanto os EUA, e que é preciso desenvolver a cultura de olhar mais para os chineses. 

“Investir já é um pouco mais delicado, tem ETFs que replicam grandes empresas da bolsa de Xangai, operacionalmente é relativamente tranquilo. Mas eu sou um pouco cético em relação ao pequeno investidor sair fazendo investimentos em outros países sem o devido estudo. Tem que fazer o dever de casa, não dá para comprar sem saber. Se for para investir lá fora, precisa estudar muito bem as companhias”, ressaltou.

Fatores como o choque de juros nos Estados Unidos e na Europa, lockdown na China e conflito entre Rússia e Ucrânia criaram essa volatilidade, especialmente nos EUA. No acumulado do ano, Nasdaq e S&P 500 acumulam quedas de 23,13% e 14,34%, respectivamente, segundo o E-Investidor. 

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“Tem acontecido uma aglomeração de volatilidade. Isso é bastante incomum e ocorre em momentos de forte correção e de “quase pânico”. Às vezes, a bolsa fica 1 ano, 2 anos sem ter quedas maiores do que 2%. A causa básica disso é a alta de juros do Banco Central americano. O problema não foi a alta em si, mas sim uma alta maior do que se esperava. O que temos visto é uma reprecificação da taxa de juros que estava muito otimista”, explicou o economista do Banco Master. 

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