Ocasional

Como proteger os seus investimentos em 2023?

Em um cenário de incertezas, juros altos fazem renda fixa voltar a ser atrativa

Os famosos títulos públicos federais são oásis de estabilidade, em meio ao mundo cheio de incertezas. No cenário internacional, temos a quebra da cadeia de suprimentos em conjunto de uma expansão monetária na tentativa de aquecer a economia, gerando inflação e, consequentemente, uma alta generalizada dos juros no mundo afora. 

Já no cenário nacional, o futuro governo sugere uma política de gastos públicos elevados, o que pode vir a manter os juros altos por um longo período.
 
Por isso, olhando para um cenário de investimentos, a renda fixa se posiciona como uma ótima geradora de rentabilidade, já que temos taxas de juros em um alto patamar no Brasil. 

Mesmo com as taxas de juros ainda altas, porém, é importante estar protegido da temida inflação, já que os investimentos precisam ter uma rentabilidade real, acima da alta dos preços. Neste caso, as NTN-Bs surgem como uma opção, trazendo a ‘segurança’  dos títulos públicos, mas também protegendo o investidor da inflação. 
 
Afinal, o que são e como funcionam as NTN-B (Tesouro IPCA+)?
As NTN-B são títulos públicos federais, isto é, títulos de dívida do governo. Na prática, você empresta dinheiro para o governo federal e ele te paga um juro prefixado – já conhecido no ato do investimento – mais a variação da inflação pelo IPCA, o índice de preços oficial. 

Portanto, as NTN-B pagam juros reais, ou seja, juros acima da inflação, que já são conhecidos quando o investidor adquire o título, caso seja levado até o vencimento.
 
Há também a possibilidade de compra das NTN-B com juros semestrais (Tesouro IPCA + juros semestrais). Esse título paga cupons de rendimentos semestrais. Ele pode ser a escolha ideal se você investe com foco em gerar renda.
 
Para as NTN-B, existem duas formas de ganhar dinheiro. A primeira, para os investidores com visão de longo prazo, é levar o título até o vencimento, tendo a rentabilidade contratada – um rendimento acima da inflação.

A outra forma de ganhar dinheiro com NTN-B é pela valorização do título. Ao vender no mercado secundário, ou seja, antes do vencimento, não é garantido o retorno contratado, pois os títulos públicos são vendidos a valor de mercado, e esses títulos podem ter uma valorização ou desvalorização.
 
E o que leva o preço da NTN-B valorizar ou desvalorizar?  
Quando há uma expectativa de que os juros subam até o vencimento do título (além do que já foi precificado pelo mercado), o preço da NTN-B cai, ou seja, seu título fica desvalorizado em relação ao de mercado, levando a um deságio.

Ocorre o inverso quando há uma expectativa de que os juros caiam até o vencimento do título (aquém do que já foi precificado). O preço da NTN-B sobe, ou seja, seu título fica valorizado em relação ao de mercado, levando a um ágio.
 
Lucrar com a valorização de NTN-B é uma forma mais arriscada de investir do que carregar o papel até o vencimento, uma vez que os títulos podem se desvalorizar, o que pode gerar perda ao investidor.
 
Por que investir em NTN-B? 
Em relação à renda fixa especificamente, para quem possui espaço na carteira e busca alocar seus recursos, enxergamos boas oportunidades na curva como um todo, uma vez que os juros reais e nominais estão hoje bastante atrativos, comparados com os últimos anos e com as oportunidades em outros países emergentes.
 
A inflação deve convergir para a meta a partir de 2024, decorrente do forte ajuste de política monetária, além de uma economia fraca nos próximos dois anos.
 
Consequentemente, o mercado de juro real longo e intermediário voltaria a colocar menos prêmio em relação ao juro neutro brasileiro, que hoje é cerca de 4% (ou seja, a tendência é que, a partir de um certo momento, a curva de juros “feche”, com redução nas expectativas de juros futuros), além de um carrego que nesse nível de taxa, historicamente é bom.
 
Para vencimentos de prazos curtos, sugerimos cautela devido às consequências conhecidas (e as ainda desconhecidas) do conflito russo-ucraniano e pela incerteza da política fiscal a ser adotada pelo novo governo, além da montagem da nova equipe ministerial. Já os ativos de prazos muito longos apresentam risco maior de volatilidade, sendo também necessária cautela.
 
Sendo assim, preferimos ativos com prazos intermediários, que reduzem o risco de refinanciamento caso as taxas fechem em alguma sinalização construtiva do novo governo, além de reduzir os efeitos da volatilidade dos vértices mais longos. 
 
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