Um laboratório público de Campina Grande, na Paraíba, se tornou, em julho, o primeiro do País a ser autorizado a desenvolver remédios com psilocibina, o princípio ativo presente nos chamados “cogumelos mágicos”. Para financiar o projeto, a startup Biocase lançou sua criptomoeda brasileira para ajudar nas pesquisas e registro de medicamentos.
Essa solução da startup precisou ser feito em decorrência dos sucessivos cortes de verbas públicas no campo da ciência. A criptomoeda brasileira foi chamada de BioTrip.
Os “cogumelos mágicos” se mostram como uma nova tendência farmacêutica, a indústria psicodélica, que aposta em tratamentos de saúde mental a partir de substâncias normalmente consumidas de forma ilegal e marcadas pelo preconceito, como o LSD e o MDMA.
A expectativa global é de que o segmento já valha US$ 190 milhões, podendo chegar a US$ 2,4 bilhões até 2027, segundo relatório sobre pesquisas, negócios e regulamentação de psicodélicos do grupo Psych/Blossom, de 2021.
A BioTrip está alocada na plataforma da Solana, que alega uma taxa de transferência de 65 mil transações por segundo, consideada alta.
Como o custo dessas transações é bem menor que a média de outros blockchains, a expectativa é de que a BioTrip se popularize.
“Qualquer um pode investir, com uma pequena fração do que faria um investidor qualificado, e com a vantagem de financiar algo inovador no campo da medicina aqui no Brasil”, afirma Sérgio Fadul, CEO da Biocase, segundo o “Uol”.
Criptomoeda brasileira precisa cumprir meta
Assim como outras criptos, a BioTrip ainda não poderá ser negociada nestes primeiros meses. Ela precisará captar US$ 5 milhões para o desenvolvimentos de duas novas drogas. “Após atingirmos 60% da meta ou após três anos [do lançamento da moeda], aí vamos liberar para negociação no mercado aberto”, diz Fadul.
“O valor inicial de uma BioTrip é de um dólar até abrirmos o book de ofertas”, explica o coordenador de emissão da nova criptomoeda, Kristopher Pinheiro.
De acordo com a empresa, a distribuição dos valores seguirá um padrão internacional: 75% serão destinados diretamente para os estudos clínicos, 15% como reserva de liquidez para lidar com flutuações e 10% para para custos operacionais.
Embora qualquer pessoa possa comprar a BioTrip, apenas certos investidores terão acesso aos medicamentos psicodélicos. No caso, pessoas jurídicas e licenciadas para tal produto, como hospitais e farmácias.
A compra permanece sujeita a regras sanitárias e internacionais. “Para a grande maioria dos compradores o que vai valer mesmo é a valorização da criptomoeda ao longo das entregas das fases dos nossos projetos”, explica Fadul.
Tratamento complicado
O tratamento, geralmente, segue um protocolo diferente do usual. O paciente precisa ser acompanhado por dois terapeutas por pelo menos oito horas, geralmente em duas a três sessões. Também há encontros de preparação e de integração.
Subsidiada por um aporte de investimentos em 2020, a primeira pesquisa com psilocibina da Biocase deve iniciar ainda este ano, com o suporte da criptomoeda brasileira. O estudo será conduzido pelo Instituto Alma Viva, em São Paulo, braço da empresa para o desenvolvimento de terapias psicodélicas no Brasil.