"Faraó do Bitcoin": CVM muda entendimento e vê fraude em operações

O Faraó do Bitcoin está sob investigação na esfera administrativa da CVM

Conhecido como “Faraó do Bitcoin”, Glaidson Acácio dos Santos está sob investigação na esfera administrativa da CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O órgão já havia processado o empresário. 

Como resultado de um novo entendimento sobre o caso, a autarquia passou a acusar o Faraó do Bitcoin de operação fraudulenta com valores mobiliários e oferta sem registro e dispensa. 

A mudança de postura do “xerife” do mercado é vista com atenção por especialistas, por dar indicações de como o colegiado vai reagir em outros casos envolvendo a negociação de criptoativos no país.

A fraude veio a público, em agosto do ano passado, quando a Polícia Federal deflagrou a Operação Kryptos e revelou um esquema bilionário de transações fraudulentas no mercado de criptomoedas iniciado em Cabo Frio, na região dos Lagos do Rio de Janeiro, e atribuído a Santos. Ele prometia rendimentos mensais de 10% aos clientes.

A CVM chegou a receber denúncias sobre o esquema já em 2019, mas o entendimento à época era de que o caso não dizia respeito a valores mobiliários, o que o tirava da esfera de atuação da autarquia.

Porém, isso mudou com o acesso a dados da investigação criminal demonstrando que Santos aplicava, de fato, parte dos recursos dos clientes em criptoativos, como antecipou o jornal O Globo.

“Faraó do Bitcoin” terá que depositar R$ 19 bi em conta judicial

O empresário terá que depositar R$ 19 bilhões em uma conta judicial, após a determinação da juíza Rosália Monteiro Figueira, da 3ª Vara Federal Criminal. 

O montante deverá ser utilizado para pagar as vítimas que investiram em criptomoedas na GAS Consultoria, da qual o Faraó dos Bitcoins é dono. 

Mais de 120 mil investidores tentam a devolução de R$ 9,3 bilhões da empresa de Santos. Após o depósito, o dinheiro será repassado para uma conta da 5ª Vara Empresarial, do Tribunal de Justiça, e repassado para os clientes da GAS Consultoria.

O Faraó do Bitcoin chegou a se lançar candidato a deputado federal pelo Rio. Por unanimidade, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) barrou, no último dia 12, a candidatura. Ainda cabe recurso ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).