A inflação nos EUA subiu 1,3% em junho e atingiu 9,1% nos últimos 12 meses, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira (13). O CPI, como é chamado, ficou acima dos 8,8% esperados por agentes do mercado e registrou a maior alta desde 1981.
O resultado da inflação pode indicar que o FED, o banco central norte-americano, possa aumentar ainda mais os juros nos EUA.
O preço da gasolina subiu 50% no acumulado de 12 meses nos EUA, uma notícia significativa para os consumidores, sem o efeito similar ocorrido no Brasil: aumento de arrecadação.
Na média, estados e prefeituras americanas cobram US$ 0.35 cents por galão, enquanto o governo federal mantém o valor fixo em US$ 0,18 há cerca de 30 anos. Com o galão custando US$ 4,9, os impostos representam pouco mais de 10% do preço da gasolina nos Estados Unidos, contra 56% no Brasil.
No Brasil, a alta no preço dos combustíveis tem levado ao aumento de arrecadação por parte dos governos federal e estaduais. Com isso, houve uma melhora bastante significativa nas contas públicas no país, às custas da queda do poder de compra da população.
Nos EUA, a arrecadação também segue em alta, principalmente com o governo da Califórna que, sozinho, vem arrecadando cerca de US$ 303 bilhões, contra uma previsão inicial de US$ 218 bilhões.
A continuidade do processo inflacionário tem levado governos locais nos EUA a distribuir auxílios, em forma de cheques. Na Califórnia, os cheques chegam a $1300 por família. Um “alívio”, que pressiona a inflação.
Para o economista Olivier Blanchard, a economia americana viu um excesso de recursos da ordem de US$ 3,6 trilhões, considerando um excesso de poupança por parte das famílias e gastos federais.
Este excesso de recursos supera, em muitos, a queda no PIB, o que por sua vez leva a um choque entre a demanda reprimida e a produção de riquezas.
Somando esse fator a instabilidade de preços de energia e a guerra na Europa, temos como resultado uma inflação consistente.
No Brasil, o Banco Central se tornou o primeiro a subir os juros, levando a taxa Selic para 13,75%, tornando o país com a maior taxa de juros reais do planeta. Com tamanha voracidade em juros, o câmbio ameaçou ceder. A incerteza fiscal, com novos auxílios sendo aprovados por aqui, impediu maior queda.
Deflação é esperada para julho e agosto
Considerando a taxa de 11,83% atuais, uma deflação de 0,58% em julho (contra 0,96% em julho de 2021), seguida de -0,04% em Agosto (contra 0,87% em 2021), é possível que a inflação acumulada em 12 meses caia abaixo dos 10%.
Isso praticamente igualaria a inflação brasileira e a americana, com tendência de alta. No Brasil, a queda deve ocorrer também no setor elétrico, onde são esperadas reduções de tarifas da ordem de 19% em julho.
A única vez em que a inflação brasileira ficou abaixo da americana foi em 1998, quando ficou em 1,65%, contra 2,83% da americana.