Carreira e Planejamento Financeiro

Malhadinho: do octógono à transformação social e financeira

Malhadinho, representante brasileiro na categoria peso pesado do UFC, fala sobre carreira, responsabilidade financeira e projetos sociais.

Jailton Malhadinho chegou ao UFC via Contender Series após vitória em setembro de 2021 — Foto: Chris Unger/Zuffa LLC
Foto: Chris Unger/Zuffa LLC

A trajetória de Jailton Almeida, mais conhecido como Malhadinho, vai além das impressionantes performances dentro do octógono.

Com um cartel de 25 lutas, 22 vitórias e apenas 3 derrotas, o lutador baiano se consolidou como um dos grandes nomes do peso pesado no UFC

No entanto, sua carreira não se resume às vitórias e nocautes. Além de se destacar na elite do MMA, Malhadinho também se preocupa com o planejamento financeiro e com o futuro dos jovens atletas por meio de seus projetos sociais.

Desde cedo, ele compreendeu que a carreira de lutador pode ser curta e, por isso, é essencial ter um planejamento adequado para garantir estabilidade financeira após a aposentadoria.

Com o apoio de sua esposa, formada em administração, e de consultores financeiros, Jailton busca, portanto, fazer escolhas estratégicas para não repetir os erros de muitos atletas que, infelizmente, enfrentam dificuldades financeiras após deixarem o esporte..

Além disso, o lutador investe em projetos sociais, como o Instituto Jailton Almeida e o projeto Murro na Cabeça, que têm como objetivo transformar vidas por meio do esporte.

Em entrevista exclusiva, Malhadinho compartilhou detalhes de sua trajetória, os desafios enfrentados dentro e fora do octógono e sua visão sobre gestão financeira e apoio a novos talentos.

Malhadinho fala sobre carreira e UFC

Como foi a sua trajetória até chegar ao UFC?

“Minha família sempre foi do esporte, meu pai era pugilista e eu o acompanhava nos treinos. Comecei no boxe aos seis anos, mas mais para brincar. Aos 11, comecei no jiu-jitsu, por influência do meu pai, e consegui uma bolsa com meu sensei.

Quando comecei a competir, surgiu a chance de lutar MMA. Treinava boxe, jiu-jitsu e Muay Thai, e aos 19 anos, em 2012, estreiei no MMA. Passei por altos e baixos, mas consegui atingir meu maior objetivo: entrar no UFC.”

Teve algum momento em que pensou em desistir?

“Sim, em 2014. Decidi parar de lutar porque os eventos não pagavam bem, e eu basicamente estava pagando para lutar. Cheguei a dar um tempo, mas no final de 2014 para o início de 2015, com o apoio dos meus treinadores e parceiros de treino, voltei ao cenário das lutas. Felizmente, consegui alcançar meus objetivos.”

Você já enfrentou desafios dentro e fora do octógono. Qual foi o maior aprendizado até agora na sua carreira?

“Todo lutador passa por muitos desafios. Fora do octógono, ouvi várias pessoas dizendo para eu desistir, buscar outra profissão. Mas eu sempre acreditei em mim e nas pessoas que me apoiavam. Cada derrota parecia o fim, mas tive apoio da minha família, amigos e treinadores para seguir firme.

Dentro do octógono, a resposta para esses desafios foi estar no maior palco do mundo. Isso mostrou que toda a luta valeu a pena.”

O que diferencia um atleta que chega ao topo de um que fica pelo caminho?

“Os pilares principais são determinação, foco, força de vontade e humildade. Sem essas qualidades, você pode até seguir a caminhada, mas não chegará ao topo”, opina Malhadinho.

Estabilidade financeira

Quando começou a ganhar dinheiro com o MMA, como lidou com essa mudança?

“Demorei muito para começar a ganhar dinheiro. No começo, gastava mais do que recebia. Sou muito grato às pessoas que me ajudaram e, especialmente, ao Banco Master, que me apoia financeiramente desde o início da minha trajetória no UFC. Hoje, sei da importância de planejar meu futuro, guardar dinheiro e me preparar para a aposentadoria.”

Já recebeu algum conselho financeiro que fez diferença?

“Sempre fui cercado por pessoas que me alertam sobre a importância de estabilizar minha vida financeira. A carreira de um atleta é curta, então precisamos pensar no amanhã. Evito tomar decisões impulsivas e sempre procuro investir com planejamento.”

Muitos lutadores enfrentam dificuldades financeiras após a carreira. Como você se planeja para o futuro?

“Infelizmente, muitos não tiveram planejamento e gastaram tudo sem pensar no futuro. Eu me organizo financeiramente para que, ao me aposentar, esteja tranquilo e estável.”

O que os jovens atletas devem fazer quando começam a receber dinheiro com o esporte?

“Desde o início, é essencial planejar. Sem um planejamento, muitos acabam sem nada. Um acompanhamento financeiro é fundamental para garantir um futuro seguro.”

Você investe em algo fora do MMA?

“Sim, conto com assessoria financeira para fazer investimentos de longo prazo. Também invisto no meu projeto social, pois acredito que ajudar jovens é essencial para mudar vidas.”

Como vê a importância de diversificar sua renda?

“É fundamental ter um dinheiro guardado e investir em áreas seguras. Diversificar com organização e planejamento faz toda a diferença para um futuro estável.”

Projetos sociais

Você criou o Instituto Jailton Almeida e o projeto Murro na Cabeça. Como a sua experiência ajudou na estruturação e manutenção desses projetos?

“Sempre tive esse sonho e, graças a Deus, estou conseguindo realizá-lo. O projeto está completando três anos, mas ainda não temos o apoio necessário. Eu banco os custos do meu próprio bolso, pois sei como o esporte pode transformar vidas. Meu tio, que é professor de boxe, me ajuda no projeto”, disse Malhadinho.

Parte do que você ganha no MMA é destinada a esses projetos?

“Sim, financio os custos. Ainda não consegui um patrocinador, mas estamos correndo atrás e temos toda a documentação necessária. Continuamos na luta para garantir que o projeto cresça e se torne autossustentável.”

Como você equilibra suas finanças pessoais com o investimento nesses institutos?

“Incluímos os custos do projeto em nosso planejamento financeiro. Graças a Deus, conseguimos equilibrar isso sem dificuldades. Para nós, é uma felicidade ajudar.”

Malhadinho dá conselhos aos jovens

Você já viu casos de jovens que receberam dinheiro e acabaram perdendo tudo?

“Sim, conheço atletas que chegaram ao topo e hoje não têm nada. Faltou uma base financeira e estrutural para se manterem.”

Como evitar esse tipo de situação?

“A chave é ter planejamento financeiro desde cedo. Mesmo que os ganhos não sejam altos no início, é importante saber o que pode e o que não pode gastar.”

Como atletas podem usar sua visibilidade e influência para atrair patrocinadores e apoiadores para projetos sociais como os seus?

“O atleta precisa ter boa conduta, um bom relacionamento com as pessoas e fazer um trabalho excelente. Isso abre portas. Eu, Malhadinho, sempre fui uma pessoa carismática, isso ajuda. Estou em busca de patrocinadores para o meu projeto e, com fé em Deus, este ano conseguirei.”

Se pudesse dar um conselho para um jovem que sonha em ser lutador e quer se preparar financeiramente, qual seria?

“Mantenha os pés no chão, tenha humildade, dedicação e força de vontade. financeiramente, se organize, planeje-se e invista pensando no futuro. O que você guardar hoje pode garantir uma vida tranquila quando a carreira no esporte acabar.”