Governo Collor

Morre economista Ibrahim Eris, ex-presidente do BC, aos 80 anos

O economista também foi vice-presidente do Ipea durante a gestão de Luiz Paulo Rosenberg

BC/ Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
BC/ Foto: Marcello Casal Jr/ Agência Brasil

Faleceu nesta sexta-feira (08) o economista Ibrahim Eris, ex-presidente do BC (Banco Central do Brasil) durante o governo de Fernando Collor de Mello, cargo que ocupou de março de 1990 a maio de 1991. Eris deixou o comando da instituição quando Marcílio Marques Moreira assumiu o Ministério da Economia no lugar de Zélia Cardoso de Mello.

O economista também foi vice-presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) durante a gestão de Luiz Paulo Rosenberg, ambos convidados pelo então ministro do Planejamento, Antonio Delfim Netto.

Recém-chegado ao Brasil no início da década de 1970, Eris – que era turco de nascimento – lecionou na Faculdade de Economia da Universidade de São Paulo (USP), onde Zélia Cardoso de Mello foi sua aluna. Antes disso, havia sido professor na Universidade Rice, nos EUA, após concluir seu doutorado na Universidade Vanderbilt. Formou-se em economia e estatística pela Universidade Técnica do Oriente Médio, em Ancara.

Após deixar a USP e o Ipea, Eris passou a atuar em consultoria ao lado de seu irmão José Roberto e de Luiz Carlos Mendonça de Barros. Em meados da década de 1990, fundou a gestora de fundos multimercado Linear, em parceria com Rosenberg e Emilio Capez. A empresa foi a maior do país nesse segmento entre as gestoras independentes, até ser afetada pela crise financeira asiática de 1997.

Foro: Reprodução/ Banco Central do Brasil 

Economista contribuiu com o programa econômico de Collor

Pouco antes das eleições de 1989, Eris foi convidado por Zélia Cardoso de Mello a integrar o grupo responsável pela formulação do programa econômico do então candidato Fernando Collor de Mello.

Comentando sobre o plano de estabilização e modernização econômica que seria implementado, Eris afirmou: “A sociedade estava cansada [da hiperinflação e dos planos frustrados de estabilização], e havia um clamor para que surgisse um governo ativo, que fizesse o que era preciso” (depoimento para o livro História Contada do Banco Central do Brasil, segundo o Valor).

Ele ressaltou a complexidade do plano: “Devido a essa complexidade, a mídia e as pessoas tiveram dificuldade em entender o plano como um todo”. No entanto, Eris considerava que o programa representou o ponto de partida para uma transformação na economia brasileira.