Nathalia Arcuri: ESG não é só mais um discurso, é uma necessidade

A fundadora do ‘MePoupe!’ comentou a importância de investir em startups de impacto

O mercado financeiro está de olho em pautas sociais e ambientais. Segundo Nathalia Arcuri, fundadora do ‘MePoupe!’, é fundamental que haja investimentos em negócios de impacto que direcionam seu olhar para a tese ESG (Environmental, Social and Governance). O comentário foi feito nesta sexta-feira (24), durante o segundo dia do Bossa Summit 2023, evento de investimentos e startups que acontece em São Paulo.

“O ESG ganhou mais visibilidade nos últimos anos, porque está estampado na nossa cara que se a gente continuar consumindo o planeta como consumimos, não haverá nem mercado, nem meio ambiente, nem dinheiro ou nenhum de nós. Isso porque o ser humano teve a capacidade de, durante quatro décadas, ter feito pior ao meio ambiente do que nos últimos séculos”, afirmou Arcuri.

“Ou a gente passa a se preocupar e entende quem são os responsáveis por esse caminho que estamos indo, ou a gente precisa de dois planetas e meio para dar conta do consumo que a gente tem hoje. Não é mais viável. O ESG não é só mais um discurso, é uma necessidade”, enfatizou.

Em 2022, a empreendedora lançou, em conjunto com a Bossanova (gestora que organiza o evento), um comitê de investimentos focado em startups de impacto social. A ideia do comitê é encontrar startups de impacto preferencialmente no Norte e Nordeste.

“O mundo é capitalista e vai levar um tempo para que o modelo mude. Então vamos levar o dinheiro para onde a gente quer que o mundo vá”, comentou.

Uma das investidoras da iniciativa é a CEO do “Somos Um’, Ticiana Rolim. Para ela, “as empresas que não olharem para o impacto que estão gerando por consciência, vão precisar fazer por sobrevivência”. Caso não façam, elas poderão deixar de existir. Isso porque a pauta ambiental é mais do que urgente e é necessário uma mobilização do mercado e sociedade para garantir a continuidade.

“Se a gente não mudar a chave de qual é o juros, quanto eu ganho, qual é a minha liquidez, para o que meu dinheiro está financiando, a gente não vai sobreviver. Chegou a hora de chamar para responsabilidade. Esse ano, na França, teve uma manifestação de pessoas denunciando que um banco estava financiando empresas que estavam desmatando a Amazônia e vários clientes tiraram dinheiro de lá […]”, salientou.

“Então para além do nosso consumo, eu preciso pensar o que meu dinheiro está financiando e parar de olhar só para o juros. Que mundo eu vou deixar para meus filhos? Trocar uma parte dos meus juros por impacto, é a decisão mais consciente que eu posso fazer para as próximas gerações”, disse.

Startups de impacto e ESG

Nathalia e Ticiana também chamam a atenção para as diferenciações dos conceitos. Segundo Nathalia, uma empresa de impacto é aquela que mensura o antes e depois da aplicação de sua solução e consegue medir o impacto gerado em indivíduos ou ecossistemas.

“Você só pode falar que sua empresa é de impacto, quando você, na sua última linha da planilha de indicadores, tiver a mensuração do impacto que você gerou. Qual é a curva? Onde você chegou com aquela pessoa ou ecossistema? Quantas árvores você plantou? Reduziu em quanto a redução de poluentes? Impacto é mensurável”, explicou.

Ticiana ainda completa: “Será que o ESG é suficiente? Para mim não. ele é um caminho para termos uma nova economia mais equilibrada e justa para todos” e questiona sobre algumas empresas apoiarem projetos sociais, mas não colocarem o ESG no modelo de negócios. “O ESG é importantíssimo, é uma necessidade urgente, mas é uma transição. A gente precisa dar um passo além para garantir nossa sobrevivência como espécie”, concluiu.

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