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Bitcoin: entenda como funciona a principal criptomoeda do mercado

Nos últimos 5 anos a moeda digital acumula valorização de 9750%, ainda vale a pena investir em bitcoins?

A principal criptomoeda do mercado, o Bitcoin, vem caminhando para sua máxima histórica, perto dos US$ 65 mil, com a estreia de seu ETF na Bolsa de Valores de Nova York. O caminho para a moeda virtual se consolidar no mercado foi longo, por incrível que pareça o criptoativo foi criado em meados de 2008, durante uma das maiores crises econômicas da história.

Durante as primeiras transações o valor da taxa de câmbio entre o Bitcoin e o dólar foi estabelecido pelo New Liberty Standard, com apenas 1 dólar era possível adquirir 1.300 bitcoins. Hoje, a quantia equivale a mais de US$ 80 milhões na cotação atual.

O Bitcoin foi a única criptomoeda ativa no mercado por dois anos, até 2011, no ano foram criadas a Litecoin, Namecoin e Swiftcoin. No ano de 2014, já haviam 15 moedas digitais. Até julho deste ano, o número de criptomoedas registradas ultrapassou 5 mil, sendo mais de 30 vezes maior que a quantidade de moedas emitidas por governos (180 segundo as Nações Unidas).

Apesar de estar se consolidando cada vez mais no mercado, as criptomoedas ainda despertam muitas desconfianças ao investidor, muito por conta da falta de conhecimento de como funcionam essas moedas virtuais e até mesmo por ter dúvidas sobre o que é o criptoativo propriamente dito.

O que é uma criptomoeda?

O conceito que melhor define o que é criptomoeda, apontam os especialistas, é que ela é uma moeda digital privada, não sendo emitida, portanto, por nenhum governo, tendo sido criada em uma rede descentralizada e protegida por criptografia.

De acordo com estudo do Instituto Propague, esta é a definição mais simples e capaz de cobrir as diferentes visões que circulam sobre este tipo de ativo. “Elas são o que chamamos na terminologia de moeda virtual: um tipo de moeda digital que não é denominada em alguma moeda oficial”, diz a pesquisa.

Ao mesmo tempo, as criptomoedas são moedas digitais porque, diferentemente do nosso real, do dólar, do euro e de tantas outras moedas oficiais e de curso legal nos diferentes países, as quais podem ser manuseadas, elas só existem na internet. Ou seja, uma criptomoeda não pode ser guardada na bolsa ou em uma carteira convencional, podendo ser armazenada única e exclusivamente em meio virtual.

Além disso, as criptomoedas têm como atributo serem descentralizadas porque não há um órgão ou um governo que responda pelo controle, intermediação e autorização de sua emissão, transferência, dentre outras operações financeiras. Na prática, quem faz isso são os próprios usuários registrados na rede.

Para que serve o Bitcoin?

As três principais funções de uma criptomoeda são: servir como meio de troca, facilitando as transações comerciais; reserva de valor, para a preservação do poder de compra no futuro; e ainda como unidade de conta, quando os produtos são precificados e o cálculo econômico é realizado em função dela.

Como funciona a mineração de Bitcoin?

A mineração é um processo utilizado para disseminar todas as novas transações válidas para os computadores da rede. Sendo assim, o computador que realiza todo esse processo recebe uma quantidade de Bitcoins como recompensa do trabalho.

Dessa forma, é possível que a rede seja neutra. Isso significa que uma vez que a transação entrou nos registros distribuídos, ela continuará sendo válida. E nunca poderá ser contestada, já que conta com confirmações de diversos computadores em todo o mundo.

É uma propriedade chamada de imutabilidade, que serve para evitar fraudes financeiras de duplo gasto.

E como ocorre esse processo de confirmação de transação? Aquelas que aguardam a confirmação são agrupadas em um bloco por algum computador da rede.

Esse mesmo computador resolve um problema matemático que lhe garante o direito de transmitir este bloco para os outros aparelhos da rede. Neste processo uma referência ao último bloco transmitido é adicionado ao conteúdo deste novo bloco para que se forme uma cadeia de blocos, o blockchain.

Como é a variação de preços?

Basicamente, o preço das criptomoedas varia que nem a maioria dos investimentos, seguindo a “Lei da Oferta e Demanda”. Nas épocas em que as moedas digitais ganham mais atenção, é normal que elas sejam mais procuradas pelos investidores, o que amplia o volume de compras e, consequentemente, os preços tendem a subir.

Contudo, a variação de preços é uma parte delicada em relação ao mercado de criptomoedas, as moedas virtuais são extremamente voláteis. Assim como as ações, os criptoativos possuem volatilidade maior que outros investimentos negociados fora da bolsa.

O bitcoin, por exemplo, chegou a acumular alta de 120% neste ano, quando superou os US$ 64 mil, porém já chegou a registrar perdas de 14% em um único dia. Um movimento parecido aconteceu em 2017, quando o preço alcançou US$ 20 mil, mas caiu bruscamente e só recuperou as perdas depois de quatro anos.

“Os investimentos em bitcoin e outras criptomoedas apresentam potencial de grandes ganhos, mas também a possibilidade de perdas expressivas”, diz o analista internacional da XP, Vinicius Araujo.

Apesar dos retornos atrativos do Bitcoin e de outras criptomoedas, elas são mais adequadas apenas para os investidores que estão confortáveis em tomar um risco maior em seus investimentos.

Vantagens

De acordo com o site Bitcoin.org, o investimento em criptomoedas possui várias vantagens, se destacando principalmente pelos pagamentos, confira: 

Liberdade de pagamento: Com um Bitcoin, é possível enviar ou receber qualquer valor instantaneamente em qualquer lugar.

Taxas baixas: Atualmente, pagamentos realizados com moedas digitais são processados com taxas baixas ou até isentas. Há cobranças caso os usuários desejem ter uma confirmação mais rápida das operações pelo sistema.

Segurança: Os pagamentos com Bitcoin podem ser realizados sem vincular informações pessoais do usuário à transação. Outra vantagem é que o usuário pode proteger o dinheiro com cópias de segurança e criptografia.

Transparência: Todas as informações sobre a oferta de unidades de Bitcoin ficam disponíveis na blockchain para qualquer pessoa. Ninguém, nem nenhuma organização, pode controlar ou manipular o protocolo da moeda digital porque ele é criptografado. Com isso, o núcleo do Bitcoin é reconhecido como confiável por ser neutro, transparente e previsível.

Desvantagens
Por outro lado, os investidores que decidirem comprar as moedas digitais precisam estar atentos a uma série de detalhe que podem lhe prejudicar, confira:

Grau de aceitação: Como uma quantidade relativamente pequena de pessoas conhece e , menor ainda, usa as moedas digitais, são poucos os estabelecimentos que aceitam essa forma de pagamento, conforme informa o Bitcoin.org.

Volatilidade: Grandes ajustes de preços não são raros em moedas digitais como o Bitcoin. Isso acontece exatamente porque, aos poucos, as criptomoedas estão ganhando visibilidade, o que atrai muitos novos usuários e acaba supervalorizando o ativo.

Segurança: Embora o Bitcoin.org reforce a segurança como um aspecto positivo da moeda digital, Araújo ressalta que se os usuários não forem cuidadosos correm o risco de “apagar” ou perder seus Bitcoins. “Uma vez que o arquivo digital esteja perdido, o dinheiro está perdido, da mesma forma com dinheiro vivo de papel”, afirma.

Baixa dependência com outros investimentos

Uma das principais vantagens de criptoativos é que eles apresentam baixíssima correlação com os investimentos mais tradicionais. 

“Historicamente, o bitcoin apresenta uma correlação pouco significativa com outros tipos de investimentos”, afirma Araújo

Contudo, o especialista ressalta que as criptos não estão completamente à prova de quedas quando o mundo entra em crise. No ano passado, por exemplo, quando o S&P 500 viu uma queda de 34% por conta da pandemia, o Bitcoin caiu 33% no mesmo período, ambos em dólares.

Além disso, alguns analistas apontam que, à medida que mais investidores adotam criptomoedas, as correlações tendem a aumentar, reduzindo então os benefícios de diversificação. 

Ainda vale a pena investir em bitcoins?

Então, segundo o analista internacional da XP, o futuro do bitcoin ainda é “incerto”, porém ele ressalta que existem entusiastas que defendem que estamos no início de uma nova era revolucionária: a da criptoeconomia.

“Para os que estão confiantes de que estamos diante de uma grande transformação que está sendo construída agora, um investimento pequeno sabendo dos riscos elevados que ele traz consigo, pode fazer sentido. Mas ele necessita reconhecimento de que estamos todos aprendendo sobre o comportamento dessa nova classe de ativos e sua dinâmica com os investimentos tradicionais”, afirmou Araújo.

Nos últimos 5 anos, o bitcoin já acumulou valorização de mais de 9750%, um número que chega a ser assustador. Defensores do ativo afirmam que a tendência é que a criptomoeda valorize ainda mais daqui para frente, por conta do aumento de sua popularidade.

Recentemente, a moeda digital estreou seu primeiro ETF na Bolsa de Valores de Nova York, com isso, segundo o fundador da Enfoque, a valorização do primeiro ciclo do Bitcoin aplicada ao mercado atual levaria o preço para pelo menos US$ 1 milhão. 

Já uma projeção mais conservadora, levando em conta o rali que encerrou no final de 2017, aponta que o topo do ciclo em curso estaria entre US$ 100 mil e US$ 200 mil.