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El Salvador perde mais de metade de criptoativos em meio à crise do BTC

Governo já gastou US$ 104,2 mi em bitcoin desde setembro de 2021

O governo de El Salvador perdeu mais de 50% em investimento de criptoativos desde que passou a ser o primeiro país a adotar o bitcoin (BTC) como moeda legal, em setembro do ano passado.

O uso do bitcoin foi aprovado ao lado do já utilizado dólar, porém, não conseguiu ser tão disseminado entre a população de El Salvador.

De setembro de 2021 – data em que foi oficializada a implementação do BTC – até junho deste ano, o governo salvadorenho investiu US$ 104,2 milhões em 2.301 unidades da moeda digital, que atualmente, valem US$ 49,16 mi – dados da cotação da última sexta-feira (24), de acordo com informações do “Valor”.

O desempenho negativo na região é consequência do momento de constantes quedas da moeda digital no cenário econômico.

Desde a implementação do ativo no país, o BTC chegou a variar até 70%, o que impactou diretamente as finanças do governo salvadorenho.

A fim de impulsionar uma recuperação no setor, as autoridades de El Salvador já negociam um possível empréstimo de US$ 1,3 bilhão com o FMI (Fundo Monetário Internacional).

Por sua vez, o Fundo – assim como o Banco Mundial – indica que o uso livre do BTC entre a população não é o ideal, além de ser muito volátil para conseguir suprir operações realizadas por estados e instituições governamentais.
 

Crise do BTC também impediu empréstimos requisitados por governo de El Salvador

O governo de Nayib Bukele, presidente de El Salvador, negocia a linha de crédito com o FMI desde 2020. Entretanto, a oficialização do bitcoin atrapalhou o processo, o que levou o Fundo a, inclusive, pedir para que o ativo digital não tivesse mais esse status no país.

“Não há transparência nem sequer nos métodos que o governo utiliza para comprar seus bitcoins”, disse uma autoridade do FMI ao jornal “Financial Times.

Além disso, a queda do mercado de criptomoedas pode impedir que o governo salvadorenho acerte sua dívida soberana ainda neste ano, que já soma mais de US$ 24 bilhões.

Na implantação do BTC, o governo de El Salvador ofereceu o equivalente a US$ 30 em BTC para cada cidadão que aderisse ao sistema.

Uma semana após a aprovação do ativo como oficial no país, Bukele divulgou que a carteira de criptoativos oficial do governo, Chivo, havia alcançado 500 mil usuários.

Entretanto, esse número em El Salvador diminuiu bruscamente após a queda na moeda digital, decorrente do ambiente macroeconômico desafiador, com o aumento da taxa básica de juros nos EUA no radar dos investidores e o consequente sentimento de aversão ao risco.