Por conta do seu crescimento em popularidade, as criptomoedas invadiram o universo dos esportes. Desde 2019, clubes de futebol, tanto nacionais quanto internacionais, abraçaram os criptoativos, mais especificamente, os fan tokens, ativos que garantem acesso a produtos e serviços exclusivos. A tendência, que chegou ao Brasil no ano passado, já virou uma fonte de receita relevante para os times. Para especialistas ouvidos pelo BP Money, este é só o começo dessa nova economia.
Na Europa, o clube italiano Juventus foi o primeiro a disponibilizar fan tokens para os seus torcedores, em 2019. Com o sucesso de vendas, grandes times do território europeu como AS Roma, Manchester City, PSG e Atlético de Madrid decidiram aderir ao fan token.
Em solo brasileiro, a tendência começou a surgir em meados de 2021, quando quase todos os grandes clubes lançaram seu próprio fan token. Atlético Mineiro, Corinthians, São Paulo, Fluminense, Flamengo, Santos e Botafogo são alguns exemplos de times que começaram a comercializar este ativo digital.
O sucesso no Brasil foi instantâneo: no primeiro dia de negociação do fan token do Corinthians, o ativo digital ultrapassou R$ 17 milhões em vendas.
No Flamengo, 1,5 milhão de unidades do fan token $MENGO foram vendidas em duas horas após o lançamento.
O mesmo aconteceu com o São Paulo, que vendeu 850 mil tokens em duas horas.
O que é um fan token?
Com a invasão do fan token no futebol e muitos clubes relevantes aderindo à tendência, é normal que muitos torcedores fiquem curiosos. Então, afinal, o que é um fan token?
Raquel Vieira, especialista em criptomoedas da Top Gain, explica que “o fan token é um ativo digital que conecta pessoas a um time. É uma forma de tokenizar um time de futebol”.
Os fan tokens funcionam dentro de uma rede blockchain, um sistema tecnológico que intermedia operações de criptomoedas. Com o blockchain, todas as informações online, incluindo o rastreamento, recebimento e envio de dados, são protegidas por criptografia.
O token é um ativo que, além de representar o direito a um determinado produto ou benefício, também funciona como qualquer criptoativo, ou seja, está sujeito à lógica de mercado.
Para adquirir este ativo digital, o consumidor precisa antes comprar criptomoedas aceitas em mercados digitais. A fintech Socios.com, produtora de tokens de vários times, como o Barcelona e o São Paulo, tem uma própria, a Chiliz (CHZ). Com CHZ na carteira, por exemplo, os tokens podem ser comprados.
Qual é a utilidade de um fan token?
Dependendo do clube, cada fan token dá direito a alguns atrativos, como permitir ao torcedor participar de votações e reuniões, concorrer a prêmios, participar de enquetes e ter descontos em ingressos para jogos do time.
“O fan token traz a possibilidade de gerar mais interação entre o torcedor e o clube, que pode disponibilizar algumas decisões dentro do time, abrindo as votações para os detentores do token, por exemplo”, explicou Luiz Pedro Andrade, analista de criptoativos da Nord Research.
Ainda existem ativos com diferentes utilidades, afirma Pedro De Luca, head de cripto da Levante Investimentos: “há fan tokens diferentes, como alguns que já permitiram que torcedores pudessem decidir sobre a terceira camisa do seu clube”.
A razão para os clubes adotarem o fan token
Hugo Trombini, líder da área de criptoativos da Hurst Capital, afirmou que, com o fan token, “o clube consegue gerar governança, votações e serviços de forma totalmente transparente. Além disso, fortalece o laço com o sócio-torcedor.”
Na prática, fan tokens são como programas de sócios-torcedores, mas com algumas diferenças: ficam guardados em blockchains, não é preciso pagar mensalidade e funcionam como criptoativos comuns, podendo valorizar ou desvalorizar com o tempo e ser negociados em corretoras.
“O fan token torna acessível para o torcedor comum o investimento no clube. A demanda está muito ligada às pessoas que acreditam no time, por isso compram o token, e assim ele vai se valorizando”, disse Raquel Vieira, da Top Gain.
O futuro dos fan tokens
Com a popularização dos fans tokens, muitos analistas têm visões otimistas para o futuro desse ativo digital, com mais clubes entrando no mundo das criptomedas, emitindo cada vez mais tokens e criando novas funcionalidades.
“A expectativa é que haja um crescimento em relevância dos fan tokens dentro dos clubes. Estamos nos experimentos iniciais. Acredito que os tokens podem ganhar cada vez mais importância dentro do planejamento do time, aproximando cada vez mais o clube do torcedor”, concluiu Luiz Pedro Andrade.
Hugo Trombini, da Hurst Capital, também tem boas perspectivas, mas ressalta: “ao criar um fan token, deve-se antes desenhar um projeto bem arquitetado para que o ativo se mantenha funcional, sempre trazendo novidades ao mercado.”