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Qual será o futuro das criptomoedas após caso FTX?

Analistas consultados pelo BP Money acreditam que caso FTX aumentou a desconfiança dos investidores no mundo cripto

O ano de 2022 não tem sido positivo para o mercado de criptomoedas. Após ocupar as manchetes no meio de 2022 com o “inverno cripto”, a comunidade cripto voltou a  concentrar os holofotes nas últimas semanas por conta do escândalo da corretora FTX. Criada por Sam Bankman-Fried, a empresa tinha como clientes grandes empresas e personalidades globais, como Softbank, Sequoia Capital, Tom Brady, Gisele Bündchen e Naomi Osaka. 

O ecossistema da FTX era composto por 130 empresas e administrava mais de US$ 50 bilhões em ativos. No entanto, após uma reportagem do portal “Coindesk”, foi revelado que grande parte desse montante era garantido em FTT, token desenvolvido, emitido e controlado pela FTX. Com a investigação, houve uma avalanche de saques na empresa, fazendo com que Bankman-Fried confirmasse haver um rombo de US$ 8 bilhões, decretando a falência da FTX e prejudicando três milhões de clientes, que ficaram sem saber como recuperar seu dinheiro.

De acordo com analistas consultados pelo BP Money, o caso FTX irá atrapalhar ainda mais a confiança das pessoas no mercado cripto. No entanto, acreditam que tal crise pode configurar em um ótimo momento para investir em criptoativos. 

Caso FTX pode afastar novos investidores do mercado cripto

Após o rombo da FTX ser confirmado por Bankman-Fried, o mercado de criptomoedas sofreu com sucessivas quedas em virtude dos receios dos agentes financeiros. Antes no patamar de US$ 20 mil, o preço do Bitcoin caiu para US$ 16 mil, por exemplo. 

De acordo com Raquel Vieira, especialista em criptomoedas da Top Gain, a queda brusca dos preços dos ativos digitais, ocasionada pelo escândalo da FTX, acabou gerando um medo nos investidores em relação ao mercado de criptoativos.

“O problema da FTX é que ela conseguiu abalar os preços das criptomoedas no mercado. Então, como a gente teve uma queda brusca durante a semana passada com toda essa situação, muitas pessoas acabaram ficando com muito medo do mercado cripto, ocasionando uma crise de confiança, e vendendo ainda mais os seus ativos”, disse. 

Para João Gabriel Stor, CEO DexBR.io, o colapso da terceira maior exchange do mundo não afeta tanto o investidor que já investe no mercado cripto, mas evidencia a necessidade de se investir em corretoras descentralizadas. Por outro lado, as oscilações no mercado cripto, ocasionadas pela quebra da FTX, afetaram negativamente aqueles que nunca investiram ou não conhecem o mercado de ativos digitais.

“Para o investidor cripto que é engajado no mercado e está ciente dos diversos benefícios das finanças descentralizadas , o impacto do escândalo da FTX evidencia a importância de se adquirir criptoativos em corretoras descentralizadas. Por outro lado, afeta negativamente aquelas pessoas que não conhecem o mercado ou ainda não tiveram o gatilho de começar a investir, uma vez que a alta volatilidade gerada pelo colapso gera medo e desconfiança”, explicou. 

Ricardo Mello, especialista em investimentos, partilha da mesma visão de Stor, ressaltando que casos de fraudes semelhantes ao da FTX acontecem de tempos em tempos nos mais diversos nichos de mercado. 

“Afeta pouco a confiança de quem já investe em criptomoedas porque esses casos de fraudes acontecem de tempos em tempos. Empresas que não são éticas existem em todos os segmentos. Só que o caso da FTX teve uma repercussão maior porque envolve vários famosos que tinham dinheiro investido na corretora”, afirmou. 

Está valendo a pena investir em criptomoedas, avaliam analistas

Afetado negativamente pelo caso FTX, o mercado de criptomoedas se encontra num preço atrativo para os investidores, de acordo com os especialistas escutados pelo BP Money.

“A queda do preço dos ativos é uma boa oportunidade para negociar excelentes ativos baratos. Para quem busca investir nesse mercado observando os fundamentos por trás das aplicações e atento ao avanço desse mercado nas mais diversas áreas, o momento atual é uma grande oportunidade para criar uma carteira de investimentos de longo prazo. O Bitcoin continua sendo o principal carro chefe tanto para aqueles investidores experientes como para os mais leigos”, relatou Stor.

Vieira explica que o escândalo da FTX não é inédito no mundo cripto, logo o momento de medo entre os investidores pode ser uma ótima oportunidade para investir em criptomoedas, aproveitando o cenário de queda.

“A gente tem que lembrar que isso não é a primeira vez que acontece no mundo cripto. E geralmente, antes de ter uma subida, vem um cenário de medo extremo e as pessoas acabam se desfazendo das crises. No entanto, a gente tem que lembrar que isso é um momento bom para oportunidades. Momento de compra no qual os ativos se encontram numa promoção”, disse.

Mello, no entanto, reitera que, apesar das criptomoedas se encontrarem num preço atrativo, não é possível saber qual será o preço mínimo que esses ativos irão atingir no futuro.

“Vamos lembrar que as criptomoedas desabaram ao longo do ano. Elas têm uma queda importante ao longo do ano, mas não estão, por exemplo, na mínima. O problema é que você nunca sabe qual é o fundo do poço. Elas estão com um valor atrativo, mas a gente não sabe se elas podem cair mais ou não”, afirmou.

Como escolher uma corretora cripto confiável?

Com o caso FTX, uma das maiores corretoras do mundo, os investidores estão se vendo numa encruzilhada: onde guardar suas criptomoedas? Como escolher uma corretora confiável para evitar futuros casos de fraudes? De acordo com Stor, buscar corretoras descentralizadas é essencial para aqueles que buscam descobrir as novidades da Web 3.0. No entanto, para quem não busca lucro no curto prazo, o analista acredita que corretoras tradicionais e ETFs da Bolsa podem cumprir bem o seu papel.

“Primeiro você deve entender qual o seu perfil de investimentos e o quanto você quer se envolver com esse mercado. Não acredito que corretoras cripto centralizadas sejam um bom caminho, mas se você apenas quer ter uma parte pequena de seu capital exposto a esse mercado, sem se importar com as oscilações de curto prazo, corretoras tradicionais e ETFs da bolsa podem cumprir bem esse papel. Já aqueles que realmente querem explorar as novidades desse universo, o melhor caminho é possuir uma carteira física ou digital de criptoativos e transacionar em corretoras e outras aplicações descentralizadas”, afirmou.

Vieira acredita que o investidor que for se aventurar no mundo cripto deve sempre ter um pé atrás com corretoras que guardam criptoativos. Em sua visão, para quem visa o lucro ao longo prazo, é essencial ter suas criptomoedas em um hard wallet, uma carteira feita para proteger ativos digitais mesmo fora da internet, pois assim você evita possíveis atividades de hackers.

“Para escolher uma corretora para investir, a gente tem que analisar a segurança. Só que tem coisas que não são previstas mesmo pelo investidor. A questão do FTX pegou todo mundo de surpresa. Era uma corretora de credibilidade e já estava no mercado há alguns anos. Então, por mais que você escolha uma corretora, sempre tem que ter o pé atrás. E quando você investe em criptomoedas por um prazo maior, você tem que colocar essas moedas em hard wallet, porque aí não tem como você ser hackeado. Corretora é apenas para compra e venda”, disse.